quarta-feira, 7 de novembro de 2012

David Carreira – Falling into you

http://www.youtube.com/watch?v=zXUOsIdlHEo


Para que o cenário fique esclarecido logo no princípio do verbo, eu estava num ginásio em Lausanne quando de repente, multiplicado pelos vários ecrãs da sala, vejo o Nuno Graciano a abrir a porta do que parecia ser uma discoteca ao internacionalmente (re)conhecido Paulo Futre. Caí com a minha atenção toda dentro do vídeo-clipe, naquela grande metragem que leva lá fora o bom nome de Portugal. Completando a descrição, nos meus headphones passava isto, ou isto , isto para que não se criem falsas impressões.

Depois de observar que se tratava mesmo do Paulinho, lá tentei esforçar a vista para ver quem era o músico que ali actuava. Lá estava ele, David Carreira, com a música “Falling into you”, que em Português de Portugal deve dar qualquer coisa como “Pequeno falo dentro de ti”.
Sem tirar os olhos do ecrã, e os ouvidos dos meus ocultadores, tentei entender quem é que caía dentro de quem, movido, a princípio, por uma curiosidade meramente antropológica. É que cair dentro de alguém para além de todas as questões metafísicas e biológicas levanta também alguns desassossegos mais psicológicos ou emocionais.  Cair desamparado dentro de alguém deve ser emocionalmente impressionante ao passo que fisicamente deve ser de uma leveza esgotante.

A discoteca deixou-me de queixo caído e com um irremediável sentimento de tristeza pela ideia do que tenho andado a perder devido à minha falta de faro em encontrar os locais correctos e os ambientes acertados. Os bares mais sofisticados que conheço são os de Braga, vejam a minha triste sina! E mesmo lá, onde o ambiente é de uma forma geral acima da média, não vejo pessoas tão esbeltas e bem vestidas. Tirando a gorda que aparece desfocada ao fundo da sala do outro lado da piscina,  todos os portugueses naquele vídeo-clipe estão subaproveitados. Os olheiros de Hollywood que tratem das olheiras pois não andam a executar com propriedade a função que lhes foi incumbida. Pessoas bonitas, bem vestidas e ainda por cima com bom gosto musical não deviam estar assim abandonadas ao pé de uma piscina onde, ainda por cima, poucos nadam.

Rien Jean-Pierre, Rien!

No final do vídeo, só mesmo no final, chegamos à conclusão que não entendemos o guião, o propósito, a missão. A falta deve ser minha, no entanto, não compreendo como se consegue pegar num tema tão bom e não aproveitar para o dissecar. Cair dentro de alguém é trama para 500 teses de 500 páginas cada uma. Ali, nem uma foi aproveitada. Alguém caiu dentro de alguém sem ninguém dar pelo facto e não se aproveitou para se estudar a força do atrito ou da falta dela. Essa força que confirma o que os físicos tanto procuram, que as coisas não são feitas só de energia, que também têm massa. Alguma massa. Fusilli ou outra qualquer, com pouco sal.