sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ele há cada uma!


Depois do ginásio fui para sauna para perder ainda mais água que aqui se bebe aos litros. Na sauna estava lá um jovem bem-parecido com traços de indiano, comissário de bordo, vim mais tarde a saber. Depois de me dizer que a sauna estava demasiado quente sai-se com esta: Queres que te faça uma massagem?
Eu pensei que não tinha ouvido bem. Uma massagem? gaguejei. Sim, se quiseres eu faço-te uma massagem. Tentei pensar positivamente e lembrei-me de lhe perguntar se ele tinha alguma formação especial em massagens e tal, pensando que talvez fosse massagista, sendo que assim justificava aquela abordagem. Foi aí que ele me disse que era comissário de bordo da Air Índia e que começou a cena das massagens porque andar de avião gera muito stress e ele quis aprender a fazer para se auto-massajar, se bem que na minha terra isto de auto-qualquer-coisa é sempre sinónimo de masturbação, se não é física é intelectual ou espiritual, e continuou dizendo que depois descobriu, grande iluminado! que a coisa não funcionava porque os pontos principais da massagem são a zona lombar, o fundo das costas e o pés, e que agora aproveitava o conhecimento para fazer aos amigos, “for free” (grátis), teve o cuidado de informar logo desde o início, não fosse o negócio não ficar bem esclarecido. Ora, entretanto, com tanta conversa, eu já estava a pensar que me tinha safado de assunto tão delicado, mas, a cena voltou ao mesmo, se quiseres eu faço-te uma massagem, ao que, assim de repente, lhe respondi, para não ser mal-educado, que estava bem, que fizera uma massagem a semana passada e que estava a sentir-me muito bem, sem stresses. Esta minha coisa (merda) de não saber dizer que não às pessoas só me lixa a vida e me empata, para além de empatar os outros, como iremos ver, pois, o jovem hospedeiro não se contentando com a minha não resposta lá me disse, estou no quarto 1080 (vou tentar evitar esse quarto ao máximo nas minhas próximas estadias) e se quiseres posso fazer-te lá uma massagem. Já me estava a irritar a palavra massagem! Mas ele não dava espaço e perguntou-me o número do meu quarto. Estou lixado com F dos grandes, no sentido literal da palavra, pensei, mas mais uma vez não lhe consegui dizer que não tinha nada que saber o número do meu quarto, e disse-lhe, olha, estou perto do teu, estou no 1079. Ele, eufórico exclamou que é mesmo ao lado.
Entretanto o hospedeiro, vendo que a insistência estava a ser despropositada prosseguiu com outra táctica mais indirecta mas mais cativante para os cliente, Andas no ginásio, disse, tens o corpo bem feito sem ser demasiadamente musculado. Eu ali com a barriga ao léu e com aqueles calções de licra ridículos que me faziam sobressair a zona genital pensei para com os meus botões, olha-me este cabrão a dizer bem do meu corpo quando estou com uma barriga destas, e lá continuámos a falar de músculos acima e abaixo até que decidi vir-me embora por não aguentar conversa tão gay num sítio que ali está completamente reservado a homens.
Quando cheguei ao meu quarto já a pensar na forma como ia desligar o meu telefone para o gajo não me chatear e tenho a feliz e visual notícia: O número do meu quarto era o 1097 e não o número que lhe tinha dito, o 1079. Engano-me muitas vezes nestas coisas de números, sou ainda pior do que o nosso maravilhoso governo. E pronto, lá fiquei mais descansado, tomei o meu banhinho, pus o meu perfume e decidi ir ver burcas para o centro comercial e, já agora, jantar. Voltei tarde ao quarto, eram já umas 23:30. Passado nem 10 minutos e o telefone começa a tocar. Como tinha acabado de pedir para me substituírem o frigorífico que não funcionava pensei o quanto injusto por vezes era com o staff do hotel. Estou? Olha, eu sou aquele que conheceste na sauna. Queres que passe aí para te fazer uma massagem? Ah grande put* de massagem que agora já estava a ser demais! e pensei, como foi que o cabrão arranjou o número do meu quarto mas depois apenas lhe disse, olha, há bocado enganei-me no número afinal é o 1097 e não o 1079. E ele lá insistiu na massagem e eu lá entrei com novas desculpas dizendo que estava à espera de uma chamada e que essa chamada ia durar muito tempo e que não podia estar ali com o telefone ocupado. Perguntou-me se queria que ma fizesse de manhã uma vez que de tarde estava programado ir-se embora. Eu disse-lhe que não que dependendo da chamada que ia receber provavelmente amanhã de manhã iria ter que sair.
Agora estou no quarto com a put* da porta com o loquete por dentro e a meditar o sermão que lhe vou passar se o homem se lembrar de me acordar de manhã, uma vez que conto estar a ver o lost (série 2) até a altas horas da noite.
Desliguei, entretanto, os cabos dos telefones para não ser importunado.
Um gajo acontece-lhe cada uma!

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