quarta-feira, 29 de maio de 2013

I was like...



Aqui, nas conversas de rua entre mulheres, ouve-se constantemente a expressão,  “I was like...”, sem rematarem com o como é que raio estavam afinal de contas. Isto, como é de prever, deixa o comum dos transeuntes, os do meu tipo, irritados, pois toda a frase que tem um princípio e um meio, deveria ter por lei um fim, e, não o tendo, que se outorgasse o dever de pagamento de 100 dólares de coima por se usar um idioma de forma inapropriada, dando-se ao abuso de não se completarem as frases. I was like, sem se dizer like what?, para além de me deixar naturalmente confuso, deita pela água abaixo todo o esforço colocado no seguimento das conversas de rua, afectando desmesuradamente a qualidade dos registos antropológicos a que, por incumbimento do pequeno deus ócio, me sinto obrigado a realizar.
Tentando encontrar um paralelo para este “I was like...” na língua de Camões, pode vir-nos à cabeça o conhecido "eu fiquei, tipo...", que só levianamente se pode comparar, uma vez que o “eu fiquei, tipo...” jamais existe sem terminar com, pelo menos, um vaziíssimo “dahh”. Tanto o “eu fiquei, tipo... dahh“ como a sua forma interrogativa do “eu fiquei, tipo... mas o que é isto?!”, não deixam margem para dúvidas em relação ao estado em que a pessoa que ficou, ficou. Daí que considere leviano alguém encontrar um paralelo entre vacuidade e indeterminação do inglês das minhas contemporâneas de rua americanas com a reduzida diversidade do vocabulário português usado nos dias de hoje. É por isso que acabo por ficar, tipo... sei lá!

domingo, 26 de maio de 2013

quarta-feira, 22 de maio de 2013

domingo, 5 de maio de 2013

A Esquerda Quântica Portuguesa


A teoria quântica diz que uma determinada partícula existe em todos os estados ou posições possíveis até ao momento em que é observada. Ora, isto é o mesmo que afirmar que, por exemplo, uma árvore existe em 2 estados simultaneamente, em pé E deitada, até ao momento em que alguém a observa e lhe reduz a existência a uma das posições, em pé OU deitada. O mesmo acontece com o gato de Schrõdinger que está morto E vivo dentro de uma caixa, dependendo de um evento aleatório precedente, como o decaimento de um átomo que fará disparar um mecanismo mortal, e que o gato estará vivo, OU morto, quando alguém o observar dentro da caixa.
É assim claro que para alguma coisa existir neste mundo quântico, num estado apenas, tem que haver sempre um observador. Sem observador não há realidade, não existe a coisa que devia ser observada, ou existe, mas em todas as dimensões possíveis. A teoria quântica tem, assim, aplicação em muitas áreas, e justifica quase tudo, até a percepção dos problemas que só existem se forem observados.

Então por que é que a esquerda em Portugal é quântica?
Porque também ela faz descrições e observações dos objectos, das circunstâncias e das situações, dando-lhes a merecida existência.
Bem certo que dar existência às coisas, para além de ser uma actividade normalmente associada aos deuses da fantástica mitologia grega, é um acto tão grandioso que só grandes almas, altruístas, desprendidas, desinteressadas e muito apaixonadas podem alcançar. Eu reconheço esta capacidade criadora à esquerda portuguesa, ponto final. O que quero dizer é que o problema da esquerda não está neste acto de criação; o problema da esquerda está no excesso de criatividade.
No exemplo usado no início deste texto, da árvore e os seus 2 estados possíveis, em pé E deitada, o excesso criativo da esquerda quântica portuguesa irá criar uma árvore inclinada ou em levitação, que nem é boi nem é vaca, num estado “intermédio”, mesmo que física e economicamente seja um estado impossível (o exemplo da árvore é mau pois a inclinação e a levitação são 2 estados fisicamente possíveis), “límbico”, só para agradar a gregos e a troianos e fazer de uma grande massa de portugueses, dos que ainda pensam e têm algumas noções de matemática e de economia das básicas, de otários. É este “mais ou menos” da esquerda quântica portuguesa que me chateia, caralho!
Mais uma vez, baseando-me na quântica da vida, e sem me querer alongar muito, tenho ainda a observar, pois é observando que se cria a realidade, que para haver otários tem de existir a outra parte, o grupo que os observa e lhes dá existência. Ora, há aqui uma relevante esperança para o grupo de otários que a esquerda se entretém a observar e a criar: é que o excesso de criatividade que a esquerda quântica põe nas observações que realiza torna altamente provável que a observação esteja a dar existência a algo física, matemática e economicamente impossível, tornando assim em otário não o grupo observado mas o grupo que o observa.
Sinceramente, não sei o que é mais perigoso, ser otário ou fazer os outros de otários, pertencer a um país governado por otários ou governar um país de otários. 

Mais não seja pelas consumições que não os consomem, os otários tenderão a viver muito mais tempo que todos os outros grupos ou existências. Ou seja, vão ser precisas muitas gerações para que esta leveza de se pensar “que se pode viver com o dinheiro dos outros” se esbata e desapareça.