segunda-feira, 18 de abril de 2011

O m(n)istério das burcas


Já te disse que tenho o desejo de despir uma mulher de burca?

Deve ser como quem desembrulha um grande presente, de onde não se sabendo o que esperar se pode esperar tudo, um grande urso de peluche ou uma bela princesa insuflável, um avião ou um triciclo. Um homem está ali a rasgar com cuidado o papel de embrulho, ponta por ponta, saboreando cada momento, com a emoção nos pícaros, à espera de se desiludir ou de se encantar.

Como em todos os países, deve haver de tudo por debaixo de qualquer tecido mais ou menos sintético, mas, despir uma mulher massivamente vestida de preto deve ser qualquer coisa massivamente deslumbrante! É como se nos pedissem para fazermos uma previsão dos destinos de um mundo olhando-o apenas nos seus pequenos e raros atributos, estimar o todo pelo que se pressupõe nas suas pequenas partes (só os deuses conseguem deduzir e generalizar, não?), ali, naquele mundo carnal, os olhos, os olhos que se querem pretos pretos, depois, pelos pequenos atributos mais sintéticos e banais, como os sapatos, que não se admitem sem salto, e o saco, que esse pode ser de qualquer cor desde que seja vermelho. É como se por ali, tudo o resto se desenhasse numa quarta dimensão visualizada por pupilas presas a uma tridimensionalidade castrante. Quando nos aproximamos do momento de um salto dimensional haverá, inevitavelmente, deslumbre ou a desilusão, com igual oportunidade de vingarem, impondo a este meu jogo espacial uma suave democracia.

Todas as estratégicas bélicas deveriam ser executadas (apenas) nestes momentos de embrulho e desembrulho. Só aí faz sentido falar em ataque e retirada, pela frente e por trás, em cima e em baixo, dentro e fora, e em que palavras como arrombamento, arrebatamento, arrebentamento passam a ter um óbvio propósito. Em que momento “ataque massivo” e “invasão” têm melhor aplicação?

Provocará mais adrenalina levar um tiro ou correr o risco de levar um tiro? E, sabendo-se do risco, contará mais levar um tiro derivado de um acto intencional ou passional? Um embate contra uma burca nunca terá nada de ingénuo nem de passional, para ambas as partes envolvidas nesse choque.
 
Cada burca que consigamos despir representa mais que um golpe a um regime totalitário. É como se se implantasse uma democracia por cada burca deixada abandonada no soalho.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dubai - Rattel Snake

(Este texto está em perfeito desacordo com o acordo ortográfico.)

O Rattel Snake no Dubai apresenta-nos um conceito interessante. Basicamente o bar está para o Dubai como o facebook está para o mundo: É um ponto de encontro. Há uma substancial diferença que convém ressalvar, para que não se criem esteriotipos. No facebook há de tudo. No Rattel Snake só há duas categorias de pessoas com milhentas subcategorias. Há os homens, e as mulheres. As mulheres são todas prostitutas, que pagam para entrarem no bar como os homens para que não se diga que nos Emirados Árabes há pré-conceito. Depois há os homens e é aqui a que a catalogação começa quase sem fim. Nos homens há aqueles que vão lá para beber umas cervejas caras, não havendo mais nada a ressalvar sobre esta espécie, e todos os outros. Na classe todos os outros há os frustrados e os poucos frustrados, mas acabam todos por ter uma certa frustração. Dentro dos frustrados pouco há a dizer. Esses, como se costuma dizer, “nem fodem nem saem de cima”. Estão para as meninas como os que lá vão beber cervejas caras: São uma pura perda de tempo – e note-se que lá, para além da perda de tempo, puros, só os cigarros Cuibas. Nem pelos perfumes Channel ponho as minhas mãos no fogo. Em relação aos poucos frustrados, aí sim, há detalhe a descrever. Há os poucos frustrados ainda com solução e os poucos frustrados que acabarão como os frustrados: Uma perda de tempo. Em relação aos poucos frustrados que acabarão como os frustrados não há mais coisa alguma a dizer. Já em relação aos pouco frustrados ainda com solução, esses são os que pagam para que alguém lhes faça subir o ego. Erguer o ego como se diz na minha terra. São esses que valem a pena, do ponto de vista das prostitutas. Eu, se fosse prostituta, era nessa classe que meteria o meu foco.

Admiro o meu chefe. Aliás, na relação chefe subordinado tem que haver sempre admiração ou outra coisa qualquer a acabar em “ão” ou “eito”. Por exemplo, quando não há admiração intelectual pelo chefe tem que haver respeito físico. Um trinca espinhas nunca pode ser um chefe porque ninguém respeita um trinca espinhas, da mesma forma que um burro não pode ser um chefe porque não há respeito por um burro, excepção seja feita à classe política.
Como o meu chefe que muito admiro diz, sim, porque acabamos por ter sempre um chefe, se não é no trabalho é na cozinha ou na sala de estar, não há excepção, havemos de ter sempre alguém a cagar-nos na cabeça, como o meu chefe diz, dizia, quando um homem é rejeitado num bar de prostitutas a sua vida está acabada ou perto do fim. Descer mais baixo é impossível. Não há espelho, psicólogo ou bruxa que remedeie o caso.
Eu, para não correr esse risco de ser inserido no grupo dos “em_fim_de_vida”, entrei no Rattle Snake para beber umas cervejas... E saí de lá realizado. 

O intercontinental no dubai, festival city, tem de tudo. Para além de tudo o que tem, apresenta em cada quarto um menu de almofadas. Ora digam lá se isto não é a maior paneleirice que o mundo alguma vez pôde engendrar?!

domingo, 10 de abril de 2011

We'll start again

You quiver like a candle on fire,
I'm putting you out,
Maybe tonight we could be the last shout,
'Cause I'm fascinated by your style,
Your beauty will last for a while.
You're feeling instead of being.
The more that I live on the inside,
Nothing to give.
I'm infatuated by your moves,
I've got to search hard for your clues.
Trying to outrun your fears,
You're running to lose,
Heart on your sleeve,
Your sole in your shoes.
Take a left,
A sharp left,
And another left.
Meet me on the corner,
We'll start again.
Que gosto muito das músicas dos Kings Of Convenience (ou dos The whitest boy alive) já não era novidade para mim. O que eu não sabia de todo é que esta Kirsten Stewart tem muita pinta. Nunca vi um filme seu, tenho-me recusado, para não correr o risco de me apaixonar, eu que me apaixono basicamente todos os dias.