sábado, 31 de agosto de 2013

Salva vidas

No Brasil os salva-vidas chamam-se de guarda vidas. Pode a princípio pensar-se que se trata da mesma coisa mas, entre guardar e salvar vai uma longa distância, a mesma que separa o amor contemplativo do amor pró-activo. Confesso que no amor prefiro o contemplativo enquanto que na vida acho muito mais piada ao guardar do que ao salvar. Continuemos então nas coisas palpáveis como a vida...

Guardar é preventivo enquanto o salvar é reactivo e só por aí já se vê tudo. So se salva quem está em vias de se perder, enquanto que guardar, guarda-se sempre, para sempre, de forma mais global e menos discriminatória.

Diz-se anjo da guarda e não anjo da salva, embora acredite que possam existir anjos das salvas e de outras flores. Salva-se uma vida ou uma alma quando  não se a guardou ou acautelou convenientemente, por isso, o guardar é muito mais importante e com muito mais sentido do que o salvar. Claro que o salvar dá mais protagonismo do que o guardar. É mais reconhecido quem salva uma vez do que quem guarda uma vida inteira, nao é assim?

Guardar rima e vai bem com planear enquanto que salvar só pode estar associado ao acto de desenrascar, e desenrascar não e muito, é todo português. 
Se analisarmos bem as coisas, o salva vidas fazem muito mais do que salvar vidas. Há todo um trabalho à anteriori e à posteriori, isto é, um salva vidas pode passar uma época sem salvar uma vida no entanto acautelou e zelou por centenas delas. 
Pronto, só para dizer que os brasileiros é que estão correctos ao vigiarem as praias com guarda vidas.

Claro, depois se terminar com uma foto destas ficamos na dúvida de que vida guardará este bombeiro.


domingo, 18 de agosto de 2013

Gatinhadas


Hoje acordei cedo para participar de uma caminhada que nos acabara por levar dos 1000 aos 2000 e poucos metros de altitude, numa viagem que não dura menos de 6 horas. É uma das caminhadas que satisfaz bastante por um conjunto diverso de razões, das quais nomeio três: Primeiro, o ambiente é idílico, como aqueles que vemos em alguns dos postais dos correios; segundo, é um percurso duro, 6 horas para pessoas não habituadas a caminhadas, por escarpas e veredas, de um-passo-em-falso-interdito, onde a dor do corpo na chegada nos dá a sensação que só o super-homem deve conseguir descrever, não pela dor que o homem não tem dor, mas pela sensação de poder físico; terceiro, é física e psicologicamente melhor e mais eficaz que umas vinte sessões com um treinador pessoal ou uma psicóloga dedicada, mesmo que a segunda, a que nos trata da mente, fosse assim... sei lá!
Durante a caminhada, onde o pulsímetro por vezes vai para além das 165 batidas por segundo que o coração apressado tenta dar, encontramos pessoas de vários credos e crenças, nacionalidades, idiomas e raças. Nesta caminhada, por incrível que pareça, não ouvi nem vi um único português. Por incrível que pareça pois estamos na Suíça, onde o português, em algumas localidades, é o segundo idioma mais falado.
Agora que faço esta retrospectiva admito que estou a mentir, vi um português confesso, confesso, ainda antes da caminhada, e este facto servirá de penitência para a minha mentira, enquanto atestava o depósito do carro com gasóleo, apressado para além de confesso, a comprar sacos de gelo vazando-os para vidões improvisados que mais tarde irão converter-se nos frigoríficos mais eficientes encontrados juntos às churrasqueiras do lago Leman.

Dá que pensar este facto!

Não sei se prefiro uma cocha de frango assado em molho de piripiri e regado a super-bock bem gelada, se este gostinho em que o corpo se sente depois de uma caminhada. No que toca às efervescências, tenho a certeza de que aprecio muito mais uma aspirina que um gorosan, o que só me pode levar a concluir que em nada se deve comparar uma caminhada na montanha a uma gatinhada do churrasco para a voiture.

sábado, 10 de agosto de 2013

As histórias da carochinha



As histórias do Capuchinho Vermelho e da Carochinha mais o seu João Ratão são as coisas mais horríveis que podem ser contadas a uma criança. Ambas são a prova de um distúrbio mental globalizado, um erro que acabou por vingar na evolução por tentativa erro desta nossa sociedade, como uma má formação pode vingar na história da seleção natural.

Por exemplo, no capuchinho vermelho, pior do que o seu começo, onde o coitado do lobo mau tem de comer uma avozinha, está o desfecho da aberrante curta metragem, em que o caçador não só mata o lobo como lhe abre a barriga, qual Jack... o estripador, tira a avó e a capuchinho vermelho das suas entranhas, sim porque o lobo entretanto também acabou por comer a capuchinho depois de lhe responder para que tinha uma boca tão grande, o enche de pedras, o cose como o melhor dos cirurgiões plásticos e, ainda por cima, não contente com todo o cenário que faz de Dante um menino coro, o atira a um poço, não se importando com a putrefacção e a contaminação das águas. Alguém pode com uma história destas?

Esta criação europeia, radica da cabeça de algum atrasado mental, a viver isolado do mundo, em algum lugar acima dos 5 mil metros de altura, onde nem as plantas são capazes de crescer, e em que a falta de ar lhe afectou seriamente a capacidade para os seus lentos neurónios criarem sinapses, isto para não elaborar em demasia, elaborando, poderia ir muito mais longe dizendo que o coitado deve ter sido violentado por um lobo, mau.

Se a história da capuchinho vermelho provoca pesadelos irreversíveis, a medonha história da carochinha e do João ratão estende-os a vitalícios, como as subvenções dos políticos. Então não é que o João Ratão casa por interesse com a carochinha que acabara de encontrar cinco réis enquanto varria a cozinha e, depois de terem alguns dias a dois aparentemente felizes, ao som da bonita voz do JR, rematam este jogo de interesses metendo o JR no caldeirão, dando à sopa um gostinho do caldo verde português que leva sempre um pouco de toucinho. Mas a que propósito?!

Haja paciência!

Que as educadoras de infância se livrem de contarem histórias da carochinha a sobrinhos meus!