Hoje, enquanto me distraía das nádegas gelatinosas de uma
tuga que frequenta dia sim dia sim o mesmo ginásio que eu, vi esta música ser
arruinada pelo grande (en)cantador Bastian Baker (BB) na MCM TV: Hallelujah.
Existem apenas duas versões do hallelujah, a primeira do
seu grande criador, Leonard Cohen (LC), e a segunda, do enorme Jeff Buckley
(JB), que a tornou célebre e irrepetível. Tudo o resto é ousadia a ser gasta na
direcção do fracasso.
Aqui estão as 3:
O Halleluijah traz na letra o elogio ao amor, na melodia
uma gigantesca dose de compaixão, na voz a encarnação da leveza. Não precisa de
mais nada, ou, reformulando pela positiva, dispensa o resto, a imagem, o filme,
a desilusão em que a película muitas vezes se torna quando comparada com a
criação feita no processo de pensamento. É aqui que reside a principal
diferença entre as duas primeiras e a terceira, bem como tudo o resto que por
aí se faz em termos de som, imagem, ou, de uma forma mais geral, arte. Há
músicas que precisam de um bom filme como há filmes a precisarem de boas
músicas para se tornarem em aparições da perfeição. LC e JB fizeram coisas
perfeitas na área da música (O LC ainda nos pode surpreender, ou desiludir, e
esse é o problema. Daí a minha classificação de grande para LC e de enorme para
JB).
A versão do Bestian Bacon precisa de um filme que reduz o
amor a um corpo, a compaixão à comiseração do mesmo corpo quando vê a sua
existência ser preterida demasiadas vezes na presença da guitarra, e a leveza
ao estereótipo muito bem criado por Milan Kundera (MK) no seu soberbo livro A
Insustentável Leveza do Ser, que é em grande parte feito de um quarto que
também é um estúdio onde se executam processos criativos, de uma cama meia
feita meia por fazer, de um espelho, de um chapéu, de pouca roupa, de uma
Sabina, um cheiro, um Tomaz, de todo um desnorte.
Ou seja, esta versão do Halleluijah de BB, para além de
necessitar de um filme para existir, baralha tudo de uma tal forma que é o
filme que passa a necessitar de uma música para não cair na inexistência. Como
já se viu, não sendo o desempenho musical suficiente para dar existência a tal
filme, acabam por se anularem mutuamente, implodindo como implodem as galáxias
em fim de vida.
Com este videoclip não perdi tudo...
Apesar de ser claro existir mais acção em meio segundo de
nádegas gelatinosas da tuga do ginásio do que nos 4 minutos do videoclip, nunca
umas nádegas como aquelas me despertariam a vontade de reler MK e a forma como
um espelho reflectindo uma mulher nua e um chapéu formosos definem tão
singularmente o conceito da leveza. Deve ser o espelho que ao reflectir dá
igual existência subtraindo-lhe o peso da responsabilidade dos corpos. Pode ser
também dos corpos despidos das responsabilidades dos trajes, ou, apenas porque
existem espelhos existem homens existe o desejo mas não existe aquilo que Jorge
Luis Borges classificava como a abominável multiplicação dos homens: “A
paternidade e os espelhos são abomináveis porque multiplicam o número de
homens”.
Existir sem multiplicar é de uma leveza fascinante.
7 comentários:
Nao te esquecas que ninguem quer viver contigo.HAHA
Nao te esquecas que tems gordura na bariga. HAHA
Nao te esquecas que es homem cobarde que foge das responsabilidades.
Nao te esquecas que es homem imaturo. HAHA
O MK é para os adolescentes a procura de fantasia.
Dois posts, duas idas ao ginásio, dois videoclips. Não deve haver mesmo mais nadinha para fazer por esses lados. Tu tem cuidado moço, muito cuidado! Lol.
Também não te esqueças que tens uma pila magnífica.
"Existir sem multiplicar é de uma leveza fascinante."
Hallelujah!
Mat
Mat e tu, deveis vos juntar para abrir uma casa de prostitutos. Nem precisais de trabalhar mais.
Dou-te valor anónimo...!!!
Mat
Sem dúvida que até no ramo prostituto teria sucesso... Se o anónimo me conhecesse minimamente saberia que eu já nao preciso de trabalhar. Entretanto obrigado pela ideia. Pode ser que o Mat esteja interessado ;)
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