sábado, 26 de outubro de 2013
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Titicaca, Puno, Peru
Na viagem da ilha de Amantani, a mais alta do mundo, no lago de Titicaca, para Puno, indicaram-me que o fizesse nas pequenas carrinhas que prestam esse serviço. Uma hora de estrada que custa quase nada: 4 soles, aproximadamente, 1 euro e 20 cêntimos.
Como sou uma pessoa poupada e considerando que a alternativa para o dia não havia ou eu não a conhecia, decidi aceitar a indicação. Ora, uma carrinha daquelas é suposto levar 9 pessoas.
Chegado ao local de embarque deparo-me com uma fila de umas 50 pessoas, na sua maioria nativos. Comecei a pensar que a coisa podia não correr bem.
A primeira carrinha chegou e, como no milagre da multiplicação dos pães mas ao contrário, a fila ficou reduzida a metade. Pensei que talvez a maioria das pessoas na fila fosse composta de familiares que vinham para se despedirem dos seus relativos, como se faz nos aeroportos e estações de comboio.
A próxima carrinha, com o bocado de sorte que sempre me acompanha, iria dar para me levar de regresso a Puno.
E não é que deu mesmo?! Por ser apregoada como a última carrinha do dia tive que pagar 5 soles, uma ninharia pode ainda continuar a pensar-se. Então por que é que o conceito de caro e barato é absolutamente relativo?
Resposta: O motorista, um verdadeiro idiota, conseguiu meter dentro da carrinha, nada mais nada menos que 26 pessoas, sim, 26 pessoas, algumas de pé outras sentadas nos colos de colos. Eu ia de costas voltadas para o energúmeno, sem ninguém no meu colo, graças aos deuses Incas.
Logo que começamos a jornada sinto-me a viajar em sentido contrário da faixa de rodagem não porque estivesse de costas para o motorista mas porque de facto o homem cortava as curvas a direito e nas rectas seguia no meio da estrada a uma velocidade suicida. Morrer deve ser, em qualquer das suas circunstâncias, fodido, mas, há-de ainda assim ser possível subcatalogar essa passagem usando outros atributos. Por exemplo, morrer com apneia do sono é uma morte que pode ser classificada de estúpida, pois é como se de repente o nosso cérebro se esquecesse, com uma estranha leveza, de respirar. Morrer ali naquela estrada inóspita, feito num amontoado de carne e ossos, contra um camião, uma vaca ou uma alpaca, seria um nível acima de uma morte estúpida, só porque aconteceria apenas para se poupar uns soles. O idiota, para além de conduzir como um genocída (matar 26 pessoas de uma vez, pelo número apenas e não pela sua base racial ou religiosa, já deve dar para passar do escalão de homicida para o de genocída) decidiu entrar na brincadeira ao volante com um compadre de outra carrinha. Eu a ver-me encarar a morte de costas, a ver os animais nos pastos a centímetros da estrada a passarem ao lado e a desaparecerem a uma velocidade que ali só poderia ser medida em anos luz, a imaginar uma vaca a entrar-nos pela grelha do radiador dentro, limpando o sebo franzinho genocída do volante, vindo-se acabar desfeita nas minhas costas.
A viagem durou mais de hora e meia de puro terror na estrada. É bela a vida!
Chegado a Puno, para a comemorar, decidi entrar no primeiro restaurante de aspecto limpo e começar com um copo de vinho tinto (uma zurrapa, diga-se) seguido de outro e de outro e de um jantar farto, que a vida é bela enquanto andamos nela.
domingo, 6 de outubro de 2013
Starbucks@Cusco - Peru
Que eu não gosto do café do Starbucks é um facto que não precisa sequer de um ponto final. O mesmo não posso dizer em relação aos seus espaços, pois, normalmente, são fantásticos, ponto final.
Agora a Starbucks apresenta-se com a inovação de escrever o nome da pessoa no copo da bebida pedida. Ou seja, podemos até pagar por um café de merda, mas, naquele espaço fabuloso, podemos ser o que bem nos der na gana!
Agora a Starbucks apresenta-se com a inovação de escrever o nome da pessoa no copo da bebida pedida. Ou seja, podemos até pagar por um café de merda, mas, naquele espaço fabuloso, podemos ser o que bem nos der na gana!
Por exemplo, no meu último capuchino decidi chamar-me Lucas, e estava tudo bem se eu realmente me identificasse pelo nome de Lucas.
Aconteceu pois que eu, António, quando dei por mim, andavam há uns bons cinco minutos a gritar pelo Lucas do capuchino! E claro, lá me levantei no meio da sala cheia de personalidades, com as bochechas a fazerem-se rubras, num estilo bem lento à Lucas... Da Silva, para não lhe chamar outro nome mais feio.
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