terça-feira, 27 de junho de 2017

Bife sola-do-sapato

Acho piada, nos restaurantes, à pergunta que não deveria ser de circunstância, de "se estava tudo bom". Esta pergunta, formulada por alguém que nos serve à mesa e onde na língua de Camões não encontramos uma palavra sequer para os nomear, só duas, do tipo, "oh fachavor", ou três, do género, "pssst por favor", é pertinente mas deixou, nos dias que correm, e de uma forma geral em todos os restaurantes, de ser essencial. E "estar tudo bom" deveria fazer parte da essência de um restaurante, da sua missão última, da mesma forma que uns sapatos terem qualidade é o anseio último das empresas de calçado.
Hoje, num em Famalicão, comi o pior bife de que tenho memória, em pelo menos 10 anos de esforço mental contínuo para passar da qualquer-coisa que sou a vegetariano qualquer-coisa que almejo ser.
Ao "então, estava tudo bom", respondi com a maior das sinceridade que a pergunta me merecia: Não. Estava muito mau. De 0 a 10 não lhe consigo atribuir mais de 3.
Do senhor "oh, fachavor" ouvi qualquer coisa do género, "ok, normalmente os nossos bifes são bons", enquanto levantava o prato para sair de seguida, perdendo a oportunidade para esmiuçar o sufrágio.
Ainda mantive a esperança que o prato cheio de restos daquilo que na teoria deveria ser um bife pintas representasse um alerta para o gerente do restaurante, já que do sr. "Oh fachavor" não esperava coisa alguma.
Que nada!
Este restaurante em Famalicão tem um espaço ambiente de qualidade mas a sua cozinha é do mais fraco que se faz naquela terra de bons pratos.
Provavelmente nada do que disse é significativo ou representa a realidade daquele espaço. Eu é que sou um azarado nestas coisas, e o bife sola-do-sapato toca-me sempre a mim.

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