Aqui, nas conversas de rua entre mulheres, ouve-se constantemente a
expressão, “I was like...”, sem rematarem com o como é que raio estavam afinal
de contas. Isto, como é de prever, deixa o comum dos transeuntes, os do meu
tipo, irritados, pois toda a frase que tem um princípio e um meio, deveria ter por
lei um fim, e, não o tendo, que se outorgasse o dever de pagamento de 100
dólares de coima por se usar um idioma de forma inapropriada, dando-se ao abuso
de não se completarem as frases. I was like, sem se dizer like what?, para além
de me deixar naturalmente confuso, deita pela água abaixo todo o esforço
colocado no seguimento das conversas de rua, afectando desmesuradamente a
qualidade dos registos antropológicos a que, por incumbimento do pequeno deus ócio,
me sinto obrigado a realizar.
Tentando encontrar um paralelo para este “I was like...” na língua de
Camões, pode vir-nos à cabeça o conhecido "eu fiquei, tipo...", que
só levianamente se pode comparar, uma vez que o “eu fiquei, tipo...” jamais
existe sem terminar com, pelo menos, um vaziíssimo “dahh”. Tanto o “eu fiquei,
tipo... dahh“ como a sua forma interrogativa do “eu fiquei, tipo... mas o que é
isto?!”, não deixam margem para dúvidas em relação ao estado em que a pessoa
que ficou, ficou. Daí que considere leviano alguém encontrar um paralelo entre
vacuidade e indeterminação do inglês das minhas contemporâneas de rua americanas com a
reduzida diversidade do vocabulário português usado nos dias de hoje. É por isso
que acabo por ficar, tipo... sei lá!
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