domingo, 6 de setembro de 2009

Politicians

Nunca como este ano vi tanta juventude candidatar-se às eleições municipais. Os cartazes para as câmaras e juntas de freguesia apresentam pessoas cada vez mais novas. Não me enganarei se disser que 60% a 70% dos candidatos têm idades compreendidas entre os 27 e os 37 anos. Ora, do meu ponto de vista, este facto deve-se a um conjunto de circunstâncias, a 2 movimentos, mais propriamente. Estamos a falar de uma geração que, embora com grande dificuldade, ainda consegue escrever três palavras sem dar um erro, essa geração que colaborará fortemente na construção da geração XK - axo ke e axim ke se xama exa geracao que já aí tá com pernas prá andar, num é?, e que não participou na construção da geração anterior, essa geração dos nossos pais que são os que ainda conseguem escrever e, melhor do que isso, pensar alguma coisinha com pés e cabeça. Se o movimento educacional facilitou a que se chegasse ao ponto de termos 60% de candidatos com idades entre 27-37 anos (facilmente estes senhores saberão preencher um impresso a pedir um salário mínimo para o vizinho que, pobrezinho, tem uma grande doença, um grande garfo nas costas que, vitalício, não o deixa trabalhar), há um outro factor ainda mais determinante neste processo, o facto de termos uma crise que veio para ficar (o que não é mau para quem tem a capacidade de se ajustar), e que trouxe um mundo de oportunidades a toda a gente menos a estes que vemos nos cartazes. Assim, a política passa a ser vista como a oportunidade que a crise lhes roubou, oportunidade essa que se tomará e se executará sem grandes problemas.


Posso enganar-me mas trabalhar numa junta de freguesia não deve ser pêra doce, não pelos maçudos impressos a preencher mas pelo facto de quem ali está não pode fazer mais nada do que preencher esses impressos com exigências ao Estado. Quem para lá vai será o mero dactilógrafo que escreve em palavras pré-formatadas o que o povo do garfo, os velhinhos, as criancinhas, e toda a outra população activa (pouquíssima) a qual o enxurro lhe entrou pela porta dentro, vem ali exigir com palavras não formatáveis.

Estive a ver alguns programas eleitorais de alguns candidatos municipais. É desesperante a falta de criatividade desta geração. Até nos cartazes se dá por essa falta. Por que raio têm todos que aparecer de fato e gravata e com a cara cheia de base? Que mundo preto e branco.

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