domingo, 18 de outubro de 2009

Transparente

Ser transparente nem é bom nem é mau, é assim-assim. Tornei-me transparente desde que permaneço mais assíduo na Alemanha. Não é bom porque, muitas vezes, nem acenando as pessoas notam a nossa presença. Não é bom e chega, dependendo da personalidade de quem se torna transparente, a ser muito mau. É que, e por mim falo, convenhamos, não é nada bom entrarmos numa loja e sentirmo-nos ignorados pela loira alta e mamalhuda que nos deveria, pelo menos, esboçar um breve sorriso. E a culpa não é delas, é nossa! desta nossa transparência. Já nem falo de entradas em bares onde parasitam todas as grandes marcas de perfumes, sprays, roupas, pós e poses, saltos para todas as alturas, 10% excelentes combinações e os restantes excelentes aberrações, já nem falo dessas entradas que ninguém obriga um transparente a lá entrar. Mas fale-se das lojas e armazéns de comida onde somos obrigados a entrar, fale-se das ruas onde antigamente os olhares se cruzavam e agora passam ceguinhos por nós, fale-se e analise-se como ser transparente nestes casos não é bom e, no meu caso, por uma questão de personalidade como já se disse, chega mesmo a ser muito mau.


Em que é que ser transparente não é mau? Não é mau pois podemos fazer o que nos dá na telha, podemos vestir tudo o que quisermos, podemos despir o que quisermos, poderíamos sair para a rua em boxers não fosse o raio do frio, podemos arrotar que as pessoas vão ouvir mas não vão perceber de onde o arroto saiu.

Nesta minha primeira experiência com a transparência, deixo o meu depoimento que, julgo, ajudará quem a seguir a mim tiver que lidar com ela: se estas coisas das transparências se pudessem controlar eu nem por um segundo me tornaria transparente. Fica o aviso!

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