sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Anna

Encontrei um bar excelente em Frankfurt agora que me vou embora daqui. Ora, defina-se um bar excelente. Um bar excelente é um espaço que tem ter boa música e num volume que não iniba uma boa conversa, tem boa comida e melhor bebida. Este, o tal bar, para além de preencher esse requisito básico, às Quartas, Quintas, Sextas e Sábados tem a servir-nos com a sua simpatia e inteligência uma das mais bonitas ucranianas que conheço. Que conheço salvo seja. Enquanto o seu bonito é bonito porque consensual, a sua inteligência topa-se no seu perfeito inglês sobre os mais diversos temas, dos mais simples aos mais complexos, dos mais lineares aos mais esquisitos. Aos Domingos, Segundas e Terças, a Anna, com 2 énes sempre que está na Ucrânia e com um éne quando em Frankfurt, dedica-se de corpo e alma ao seu curso de línguas. Às terças… Bem, pelo menos a próxima, espero que jante comigo.


Sempre que frequento o bar disperso a minha atordoada atenção entre a Anna, o seu sorriso de um mundo que não é, eu que tenho todo o tempo do mundo, para já, o meu, os seus cabelos mais pretos que o preto gerado pela mistura equilibrada de todas as cores, o seu corpo de mulher que com 20 e poucos anos é madura, o seu movimento de bailarina sem esforço, e a Fashion TV. Ora o absurdo de toda esta situação não está nos esquemas que arranjo para que a Anna, o seu patrão e o resto dos clientes não reparem no quanto admiro aquela presença, mas sim na Fashion TV. E nem é por nos últimos tempos esta TV apresentar muita moda portuguesa que, das duas uma, ou não têm mais o que fazer ou estamos a ficar famosos neste submundo dos cortes e coses, mas por, a meu ver, depois de duas horas bem passadas com os olhos posto na Anna e nos televisivos corpos esbeltos com roupa a condizer, se tornar ridículo apresentarem sempre o presidente do canal, Michael Adam, um ser balofo, feio, com um aspecto de maricas com um mau gosto tremendo, sempre reluzente de uma gosma à base de um óleo ou uma vaselina qualquer.

É que deixam de me cair bem os meios litros de cerveja pilsen e, de um mundo que por momentos é idílico, passo abruptamente para a crosta terrestre de um deserto do Saara. E vou-me embora, sem tempo nem disposição para convidar a Anna para um jantar à luz de qualquer coisa, e isto é um desterro uma vez que a minha terça está já aí e a minha aventura por Frankfurt está mesmo a terminar.

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