sexta-feira, 9 de abril de 2010

É do diabo!

É do diabo seria um bom título se o diabo realmente existisse. Como se pode ler no “Antes que os demónios voltem”, de Óscar Quevedo, e lá lhe iremos mais à frente e com maior detalhe nesta descrição, os demónios não existem e, por conseguinte, parece muito mal começar um texto com um título mencionando uma entidade inexistente. É uma questão de credibilidade. Um texto avalia-se pelo título da mesma forma que um melão se avalia pelo cheiro e pelo som do toc toc da casca. Há pessoas que pensam que podem anteceder o seu sabor, sumo e doçura analisando-o por fora. Às vezes enganam-se, também os títulos às vezes nos enganam e, quando assim é, tendo em conta que as falcatruas financeiras em Portugal dão raramente lugar, as que dão, a alguns anos de prisão, também esta falcatrua que alguns escritores nos passam em alguns títulos deveria dar pena de cadeia. Eu já fui enganado em alguns livros e em alguns textos que acabei por não finalizar. Isto é uma falcatrua financeira se contabilizarmos o dinheiro que investi no livro e o tempo que disponibilizei na sua leitura que, felizmente, tive o bom senso de não terminar.
O que aqui pretendemos descrever, e aqui uso a primeira pessoa do plural não pela estratégia literária do plural, porque, como sabemos, uma tese, um texto ou uma teoria, descritos no plural, passam uma imagem de uma maior credibilidade e, vou mesmo mais adiante dizendo que a primeira pessoa do plural está para os documentos anteriores, e para outros que se possam inventar, com a mesma força de vendas que um escritor encontra num bom título, uso o plural, estava a tentar dizer, porque de facto o que vou aqui descrever representa a minha interpretação do que alguns escritores escreveram e assim, acho-me com propriedade para usar do nós uma vez que a minha interpretação está em muito dependente do que eles escreveram, isto é, se eles não tivessem escrito da forma que o escreveram eu não os teria interpretado da forma que os interpretei, assim, o que aqui pretendemos descrever é uma sequência de livros, entre muitas, que pode desmobilizar um católico do seu catolicismo fervorante tornando-o, se não num ateu convicto, pelo menos num agnóstico que não negando a existência de Deus, também não a afirma porque, para ele, o Agnóstico, não há evidência e o nosso estado de entendimento não é suficiente para compreendermos se Deus existe ou não. Este conjunto de livros que pretendíamos chamar de “É do diabo” é apenas uma sequência saída do acaso. Uma sequência em milhares de sequências possíveis, sendo aqui que reside toda a beleza da leitura. Leitura que nos muda e que muda a forma como nos lemos. Um livro puxa outro e o outro leva-nos ainda a um outro. Depois há livros que nos caiem nas mãos sobre os temas mais oblíquos mas que de alguma forma acabamos por relacionar e integrar na nossa sequência, que, como já disse, não se pode chamar de muito própria porque ela depende desta relação promíscua escritor leitor, mas que se pode pelo menos apelidar de uma sequência com lógica interna própria.

A minha sequência “é do diabo” começou com o “O Livro dos Espíritos” de Alan Kardec…

1 comentário:

Luísa disse...

E o resto???