domingo, 18 de agosto de 2013

Gatinhadas


Hoje acordei cedo para participar de uma caminhada que nos acabara por levar dos 1000 aos 2000 e poucos metros de altitude, numa viagem que não dura menos de 6 horas. É uma das caminhadas que satisfaz bastante por um conjunto diverso de razões, das quais nomeio três: Primeiro, o ambiente é idílico, como aqueles que vemos em alguns dos postais dos correios; segundo, é um percurso duro, 6 horas para pessoas não habituadas a caminhadas, por escarpas e veredas, de um-passo-em-falso-interdito, onde a dor do corpo na chegada nos dá a sensação que só o super-homem deve conseguir descrever, não pela dor que o homem não tem dor, mas pela sensação de poder físico; terceiro, é física e psicologicamente melhor e mais eficaz que umas vinte sessões com um treinador pessoal ou uma psicóloga dedicada, mesmo que a segunda, a que nos trata da mente, fosse assim... sei lá!
Durante a caminhada, onde o pulsímetro por vezes vai para além das 165 batidas por segundo que o coração apressado tenta dar, encontramos pessoas de vários credos e crenças, nacionalidades, idiomas e raças. Nesta caminhada, por incrível que pareça, não ouvi nem vi um único português. Por incrível que pareça pois estamos na Suíça, onde o português, em algumas localidades, é o segundo idioma mais falado.
Agora que faço esta retrospectiva admito que estou a mentir, vi um português confesso, confesso, ainda antes da caminhada, e este facto servirá de penitência para a minha mentira, enquanto atestava o depósito do carro com gasóleo, apressado para além de confesso, a comprar sacos de gelo vazando-os para vidões improvisados que mais tarde irão converter-se nos frigoríficos mais eficientes encontrados juntos às churrasqueiras do lago Leman.

Dá que pensar este facto!

Não sei se prefiro uma cocha de frango assado em molho de piripiri e regado a super-bock bem gelada, se este gostinho em que o corpo se sente depois de uma caminhada. No que toca às efervescências, tenho a certeza de que aprecio muito mais uma aspirina que um gorosan, o que só me pode levar a concluir que em nada se deve comparar uma caminhada na montanha a uma gatinhada do churrasco para a voiture.

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