quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Não o condenando a lei, condena-o a matemática e o senso comum

Escrevo este texto com base na certeza absoluta de que Sócrates será ilibado de todos os crimes de que é acusado. Mesmo assim dedico-lhe algum tempo, pois, no dia em que isso acontecer, todos os cegos, os dependentes do regime, e os donos da democracia em Portugal, virão para a rua queimar o sistema jurídico e todos os que conspiraram contra as mais puras virgens do regime.

E por que é que Sócrates será ilibado de todas as acusações (Se não ilibado, pelo menos, com recursos em cima de recursos, todos os crimes acabarão por prescrever…)?

A acusação de corrupção, de difícil prova, será a primeira a ser posta de parte. Como se consegue provar a corrupção em Portugal se, por exemplo, as escutas neste país não servem como elementos de prova? E se até essas escutas são mandadas destruir, não vá o diabo tecê-las, e vir mais tarde alguém criar uma lei que introduz escutas como elementos de prova. É claro que os 25 milhões não caíram do céu. Do céu cai H2O, não caiem luvas!

O branqueamento de capitais existe se se desconhecer ou conseguir provar a proveniência desses capitais. A inversão do ônus da prova aplica-se a este caso: Quem tem que demonstrar a proveniência dos 25 milhões será o seu dono. Pois... mas, mesmo que se dê a inversão do ónus da prova, o sr. eng. não precisará de o fazer pois a lei de repatriamento extraordinário de capitais, criada pelos mesmos, o isenta. Essa lei diz o seguinte:  Os capitais que entrem no país sujeitos apenas a um imposto de 5,0% em IRS, ficam dispensados de «declarações contributivas»”. Assim sendo, os dinheiros não serão investigados à entrada, nem o rasto do dinheiro será seguido, podendo mesmo voltar a sair do país.

Ora, se o dinheiro passou da UBS para o BES (de BUS ou electronicamente) ao abrigo de um desse esquemas legais à moda da casa, então nem o branqueamento de capitais existe nem a fuga aos impostos existe pois ele pagou 5% de IRS.

Agora, não sendo possível condenar o homem aos olhos da nossa lei feita como jaquetas à medida, analisemos o facto de ele possuir (ao que se sabe) 25 milhões de euros. Imaginemos que ele teve, que não teve pois estes senhores que se refugiam nas jotas fazem-no por não conseguirem nada melhor com trabalho a sério, a sério!, um rendimento de 150 K por ano. O Sr. Sócrates precisaria de nada mais nada menos que 167 anos de trabalho para amealhar os 25 milhões de euros, isto se não pagasse, como aparentemente aconteceu, impostos. Se pagasse 45% de impostos sobre um salário de 150 k/ano, então a coisa dilataria para os 303 anos de poupança. Se a lei não o condenar condena-o a matemática e o senso comum. Claro que o senso comum não existe na maioria que o elegeu duas vezes e o elegerá uma terceira, saindo ele da prisão e candidatando-se a presidente da República.


As luvas, que não caiem dos céus, justificam o absurdo das PPP que nos criaram 3 autoestradas paralelas que agora não conseguimos sequer manter, ou a renovação dos parques escolares com ares-condicionados de última geração que agora estão desligados por não haver capital para os abastecer. Não digo que estes 25 milhões tenham sido pagos pelos impostos de quem trabalha. Ainda não foram pagos pelos impostos de quem trabalha quero eu dizer... foram pagos pela dívida que um dia os portuguese terão que pagar.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Orçamento Participativo

Ora a CMG instaura um inquérito que "não apura responsabilidades de pessoas ou entidades". Então para que raio se fez o inquérito?! Custa-me muito acreditar, e muito menos entender, que temos um presidente que diz que "os cidadãos que cometeram irregularidades não as cometeram com intenção de dolo, mas pensando estar a liderar um processo de votação numa proposta que queriam muito ver escolhida". Hein?!? Diga lá outra vez! Alguém me troca isto por miúdos? O rei dos gnomos também pensou que estava a liderar um processo de exorcização.


Pois eu, senhor presidente, gostaria/quero/exijo saber quem foram as pessoas, as entidades, os projectos, as máfias organizadas, os xicos espertos que cometeram a irregularidade sem intenção de dolo. Quero saber de que perna do polvo vem tamanha façanha. Quero saber o básico, não só porque também eu submeti um projecto a esse dito orçamento (que não foi aprovado por justificadas razões técnicas) mas porque, como cidadão de Guimarães, tenho o direito de saber em que chão (lamaçal) me movimento. Estamos a falar de 1 milhão de euros dos impostos do povo. Nos Estados Unidos, por esquemas muito menos sofisticados, envolvendo montantes muito menos significantes, há pessoas presas, porque lá os inquéritos são feitos, imagine-se!, para apurar responsabilidades de pessoas ou entidades!



Depois sr. presidente, benzo-me perante a sua pérola conclusiva (reactiva e quase radioactiva), quando diz que no próximo ano o orçamento do cidadão será reduzido para metade, porque... "Andámos depressa demais". O quê?! Não estará o senhor presidente a tirar conclusões e a tomar decisões depressa demais? Que tem o cú a ver com as calças?! Acha o senhor presidente que reduzindo o montante vai dissuadir o polvo de activar os tentáculos para irregularidades sem dolo?! Não seria mais fácil fazer o inquérito e apurar responsabilidades?! Haja paciência que o resto já temos: muito sol e muita sombra neste bananal.

Vimágua Virtual

To: vimagua@vimagua.pt, 22 Julho 2014

Caros senhores,

Recebi um ofício de vossa parte para pagar o serviço de saneamento que não pedi (assunto para debater noutra altura mais própria). Entretanto já regularizei a situação e estou a pagar em prestações esse "serviço".
Fui informado de que terei que ligar agora a minha fossa séptica à vossa rede. Quero então efectuar essa ligação mas não consigo localizar o vosso receptor na estrada que foi entretanto alcatroada. Não tenho o número de contracto comigo mas queria deixar-vos a minha morada para que, logo que possam, se dirijam ao local para marcarem na estrada onde fica o receptor. Só depois dessa marcação de vossa parte poderei efectuar a dita ligação à rede conforme requerido por vossas excelências.

Morada:
xxxx

Obrigado,

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To: vimagua@vimagua.pt, 3 Outubro 2014

Caros Senhores,

Na ausência de resposta ao pedido/mail do dia 22.07.2014, venho por este meio pedir-lhes, por gentileza, que me respondam a este mail, mais um pedido, desta vez, como irão entender, de muito  mais fácil concretização.

Gostaria que me indicassem um conjunto de 10 palavras que eu possa usar para classificar o vosso trabalho/serviço sem vos ofender muito. Acham que me conseguem responder com esse conjunto? 10 palavras pode, à partida, parecer muito, mas, compreendam, por favor, que para me dedicar a tamanha empresa preciso de alguma flexibilidade no vocabulário. Assim estas 10 palavras tornam-se, do meu humilde ponto de vista, no número ideal para ambas as partes, não concordam?

Por exemplo, irei querer dizer-vos que o vosso serviço, pago a preço de ouro, está ao nível do que pior há no pior dos terceiros-mundo. Melhor, quererei dizer-vos que o vosso serviço é muito pior que o serviço de qualquer empresa, pública ou privada, do terceiro-mundo pois, nesse terceiro-mundo, não são faustosamente providos de tecnologia e infraestrutura como vossas excelências são.  Isto é, o vosso serviço é ainda mais baixo que um não serviço. O vosso serviço faz-nos perder tempo. Prejudica-nos. Dá para entender o que quero dizer? Então agora, por gentileza, enviem-me as tais palavras para que vos possa dizer tudo isto sem vos magoar muito.

Obrigado.

Entretanto, quando vossas excelências acharem por bem, respondam-me ao mail em baixo. Até lá, deixarei de pagar o acordo (acordo forçado pela vossa comitiva) número: xxxxx. Ah... O meu número de cliente, forçado também, pois só pessoas muito masoquistas ou com falta de alternativa, quererão fazer parte do vosso portefólio de clientes, é: xxxxxx; Conta: xxxxxx.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Quântico


A vida também se faz das escolhas que não se fizeram e das decisões que não se tomaram. Dói muito menos assim... só que dói para todo o sempre.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

BES, Judite e Carolina Patrocínio

Nas últimas semanas, na minha rede de amigos do facebook, que estou seriamente a ponderar vistoriar, revisar, adaptar, limpar, falou-se da morte do filho de Judite de Sousa e das mamadas da filha(?) recém-nascida de Carolina Patrocínio, bem como do corpo fantástico da mãe, nada normal para quem acabou de parir.
Compreendo e respeito os dois momentos, a dor da mãe Judite e a felicidade da mãe Patrocínio. Dois momentos de sentimento intenso e tão antagónico, o da vida que, como uma chama desprevenida se apaga com o vento, e o outro, o da vida que se inicia com a mesma suavidade com que o presente se deixa transformar em passado. Como disse, compreendo os dois momentos e partilho, ainda que com a mesma brevidade com que um partícula de luz me trespassa o pensamento, um pouco dos dois. Eu sei que a última frase pode parecer cruel, mas, infelizmente, este é o nível de compaixão que sou capaz de atingir ou dedicar a pessoas que não conheço.
O que me custa compreender, e que, imagino, nem a maior das compaixões do mundo conseguiria suportar, é o comportamento de alguns dos meus amigos, os da rede virtual, com as constantes partilhas, likes e comentários, ora lamechas, ora de extrema felicidade, a cada um dos factos, como se tivessem sido eles que se pariram. É estupidamente irritante! Grupos como os que diariamente me aparecem, e são sugeridos por acção destes meus amigos, do tipo, Força Judite, Judite SOUSA estamos contigo, Apoio a Judite, são entretimentos de quem precisava era de um trabalho a sério para se entreter. A sério!

Não compreendo como se consegue comentar tanto a morte e as mamadas de quem ainda não está propriamente na plenitude da vida, e não haver um único comentário sequer aos momentos actuais, à vida, à fatalidade de sermos portugueses, a fragilidade de sermos completamente roubados por grupos mafiosos da alta finança, por políticos corruptos, por interesses obscuros, por uma justiça de dar voltas ao estômago. Os meus amigos comentando a morte ou a pré-vida, esquecem-se do que realmente interessa, da vida. São raros os meus amigos que comentam o facto de termos mais um banco para resgatar, mais um grande roubo para reparar. Das duas uma, ou andam distraídos ou, então, como a avestruz, tentam esconder a cabeça na areia com estas coisas banalidades, na esperança de que a coisa passe. Das duas alternativas, venha o diabo e escolha!