sexta-feira, 28 de maio de 2010

Alfândega I

Na alfândega do aeroporto Francisco Sá Carneiro é uma pândega. Não falho uma. O pequeno deus de bigode, que não sofre de hipermetropia, porque, qual águia de voo rasteiro, consegue ler as etiquetas ao longe, manda-me seguir para a zona das revistas com um gesto de braço – eu, que consigo fazer muito mais com um dedo, nunca me apresento com aquele olhar altivo de quem pensa que possui um pedaço de mundo – ao que, fodido, assinto.
Lá dentro perguntam-me se trago alguma coisa nas malas. Cuecas e meias, respondo, para demonstrar o meu desagrado. Já me deviam conhecer uma vez que me tornei cliente habitual, no último ano. Já deviam saber ler que aquela minha cara, para eles de cu, é mesmo de um “cara que está prestes a explodir, né”? Eu sou da opinião de que as caras de cu não devem explodir por causa do trabalho que dão a limpar os detritos. Todas as caras de cu deviam implodir, como uma singularidade, sem deixarem rastro, como um fragmento de silêncio. O pequeno deus de bigode tem cara de cú. Eu acho… Já deviam saber, estava a dizer, que da arábia saudita só se pode trazer areia e camelos e que Portugal está já a abarrotar dessas duas espécies, de cima a abaixo. Bom…, a senhora das revistas sorri mas nem assim deixa passar a minha que irá ser em vão. E mergulha uma das mãos com látex bem no centro dos meus boxers suados, devagarinho, com muita calma, sem amor nem piedade, parece-me, mas que há ali aquela emoção de quem se afunda no escuro à procura de ovos, isso não duvido nem por um segundo. Toca-me com igual carinho, sensibilidade, precaução e nível de adrenalina provocado pela grande possibilidade de surpresa, nas meias, como quem apalpa uma perna de tíbia partida.
Começo a achar piada... (continua)

terça-feira, 18 de maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

Beiruting

Beirut, 2010

Fa©tos

=> Não lhe tocarmos no corpo é a forma mais certa de ficarmos com um pedaço da alma de alguém, não achas?

=> Ainda não fui à Índia. A Índia ainda não está preparada para me receber.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Fa(c)tos

 While Braga is the city of the 3 Ps, Priests, Prostitutes and Paneleiros (gays), Beirut is the city of the 3 Bs: Beauty, Breasts and Bisturis. I would say the beauty is pretty enough to make the bisturis useless. The question here is the bisturis want to make the natural beauty “fashion less”. We will found a lot of stupidity there, too. But stupidity starts with S.

 No hotel Rotana Gefinor em Beirut para além de um upgrade para um quarto que mais parecia um apartamento ofereceram-me um cesto de frutas nada de especial, não fosse o facto de entre bananas, uvas, peras, laranjas e tangeras aparecerem 4 ou 5 nêsperas, aquele fruto alaranjado que no norte de Portugal também chamamos de maganórios.

 - Atention Antonio, these guys were already one of the most advanced civilizations, and they did a great finding for humanity. They found the number Zero.
- Yes, it is true, they found the number 0, the problem is that they are still living around there.

Fa(c)tos

 Embora se estabeleçam critérios que o tentem definir de uma forma mais objectiva, nunca até aqui se conseguiu criar uma medida geralmente aceite para quantificar o desenvolvimento de um país ou de uma cidade. No meio de tanta relatividade, que tem que ver com parâmetros de economia, lei e justiça, bem-estar e segurança, etc, consegui chegar à medida que se vai revelar como o principal indicador do desenvolvimento. Chama-se: buzinadela.
O nível de desenvolvimento de um país ou de uma cidade está inversamente relacionado com o número de buzinadelas, ou BZA, ouvidas dos seus carros nas ruas lá do sítio. Portugal aparece finalmente no topo da lista dos países desenvolvidos. A índia ocupa um dos últimos lugares da lista. A acompanhá-la estão os países do médio oriente. A buzinadela é a forma mais histérica de se dizer “foda-se” nestas zonas.

 I like french. You like French?! Yes, definitively. Hum, I like French too… on the lips of a girl, only.

 Pensar positivo:
Quando te sentes transparente ou, melhor, quando achas que ninguém te olha e começas a duvidar se não terás morrido e só tu não deste conta do facto, pensa positivo e sem dúvidas: O comportamento das pessoas que passam na rua deve-se ao facto de estares a ficar mais magro. É muito mais difícil de ver uma agulha que um móvel 4 por 4.