Acabo de sair de uma operação stop mesmo à entradas das Taipas.
Senhor condutor, bebeu?
Bebi sim, venho da discoteca.
E bebeu muito.
Bebi alguma coisa. Não sei se foi muito.
Então não se importa de vir ali soprar no balão?
Que remédio, pensei.
Lembrei-me dos 4 Bacardi com cola e esqueci-me do vinho branco do Alentejo do jantar.
Já soprou alguma vez?
Não, que me lembre é a primeira.
Está nervoso?
Na primeira é natural ficar-se nervoso, não é? Pelo menos para mim é, em todas as primeiras.
Tem que ser um sopro constante, ora vá lá outra vez.
Lembrei-me dos conselhos de alguns entendidos que me diziam para soprar apenas o ar da boca. Assim o fiz.
Está mesmo nervoso. Tem que ser um sopro constante, mais forte, até eu o mandar parar.
Fiquei sem paciência e pensei para comigo: que se lixe, vou soprar normal e sofrer as consequências. Já era a terceira vez que o agente da GNR me mandava repetir e eu não admitiria uma quarta. Para mim a quarta seria como um chumbo redonto.
Soprei bem e forte.
O agente olhou para o aparelho e dirigiu-se para o carro. Queres registar? perguntou outro agente. Quero sim, respondeu o meu agente.
Estou tramado, pensei. Vou ter que deixar aqui o carro e regressar a pé. A fala na interacção com os agentes custava-me a sair direita.
Está mesmo no limite, senhor condutor, e está a subir, aconselho-o a ir para casa imediatamente. Após um suspiro mais forte do que os anteriores três sopros acumulados, pensei, vá lá aconselhar a sua mãezinha.
Entrei no carro e as minhas mãos ainda tremiam. Dei à chave e saí dali, como saio de qualquer sítio, com algum esforço para não olhar para trás.
Em casa, feliz, como umas bolachas com marmelada e prepara um grozan (como se escreve grozan?). Chego ao quarto e, antes de ver mais um episódio do Lost, apresso-me a tirar este apontamento.
Estou feliz e mais informado. A partir de hoje posso afirmar que conheço os meus limites: 4 Bacardis com cola e 2 copos de vinho do Alentejo. Tudo isto porque sou alto.