sábado, 23 de outubro de 2010

Latte Macchiato


No segmento das meias-de-leite, a meia-de-leite portuguesa, referida a partir daqui simplesmente como MdL portuguesa por uma questão de rapidez e de estética, ainda ocupa o primeiro lugar deste meu ranking das misturas de leite com café. Já aqui contei o que penso do capuchino, que não é mais do que meia (meia mesmo) MdL portuguesa com muita espuma, isto é, metade é MdL e a outra metade é espuma, e da forma como isso pode atormentar os gases, chegando mesmo a ir mais longe, dissertando sobre aqueles efeitos maricas que lhe dão os desenhinhos em canela sobre a espuma, e, estando agora em condições de prosseguir na análise, metendo ao barulho o Caffe Latte alemão ou a falácia Café au Lait franciu, continuo a manter a minha posição: não há nada que chegue sequer ao calcanhar da pouco publicitada MdL portuguesa. Ora, se assim bem estou no que a este segmento se refere, há um outro segmento nestas misturas onde os movimentos no topo da lista não me têm deixado dormir tranquilo a noite. Falo obviamente do segmento Galão! Se no princípio era o galão português que sem um milímetro de dúvida encabeçava tão obtusa lista, agora começa a entrar a dúvida do Latte Macchiato alemão e isso é do piorio para a economia deste país à beira mar plantado – plantado mesmo! Os franceses e os italianos não concorrem neste segmento, pelo menos no meu ranking, porque acho que é um pecado mortal andarmos a comparar água mal filtrada com aquilo a que se pode chamar de galão.
Então vejamos a minha ansiedade quando observo impávido mas nada nada sereno o latte macchiato a passar a perna ao galão, assim: Com um galão fico com aquele sentimento de que precisava de um bocado mais, tipo mais um ou dois dedos de galão, há um inegável desconforto, do género é completamente excelente no sabor mas falta-lhe quantidade, falta-lhe 2 dedos de volume. Há um “mas”, entedem? Com o latte macchiato alemão essa coisa da quantidade está resolvida com rigor absoluto, nem de mais nem de menos. Pronto… é por demais evidente que como o capuchino do segmento das MdL falha na espuma e na virilidade dos desenhinhos, o latte macchiado é também um exagero de espuma no segmento dos galões. Temos, é certo, aqui um “mas” mas esse “mas” que é o erro de concepção alemão é menos “mas” que o erro da quantidade português. A espuma, como tantas outras coisas na vida, pode apartar-se para os lados; o défice de quantidade ou de tamanho por vezes é difícil de se emendar, por extensão, por implantação ou por qualquer outra abordagem criativa terminada em ão. Por tudo isto, estou a pensar seriamente em passar o Latte Macchiato para a frente do galão nesta minha lista das misturas do leite com café
Não falei de países que não entram no ranking, por exemplo, dos espanhóis, porque nas MdL e nos galões primeiro é preciso saber-se tirar um expresso e depois saber mugir-se cuidadosamente a vaca. Os espanhóis só sabem mugir a vaca, como os franceses, nos intervalos das greves. Os alemães estão a aprender a tirar o expresso, mas como em tudo vão longe com a coisa.

Cafetiero em Frankfurt Zeil. 

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