quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Hei-de amar uma pedra

Como já tive oportunidade de dizer, Antonio de Lobo Antunes é um dos melhores escritores do nosso tempo. Se tivesse que fazer uma comparação com Saramago, diria que este, Saramago, é um senhor de grandes ideias, veja-se por exemplo como começa o seu Intermitências da morte, em que “no dia seguinte ninguém morreu”, e como acaba o mesmo livro, em que, pasmem-se, “no dia seguinte ninguém morreu”, e diga-se, grande imaginação!, e poderíamos continuar com o seu Ensaio sobre a lucidez em que não poderia começar de melhor do que um “Mau dia para votar”, como se houvesse em Portugal algum bom dia para votar quando se analisam as aberrações que o bendito ócio promove e encarrega de nos governar, bem, como estava a dizer, se tivesse que fazer a comparação com Saramago, diria que este, ALA, ALA de António de Lobo Antunes e não ALA de Alá nem de Alibábá, é um grande escritor, um dos maiores escritores do meu tempo, enquanto por aqui andar. A forma como o seu Cús de Judas foi construído, o seu segundo, livro não cú porque cú mesmo com silicone só se tem um, não deixa margem para dúvidas nem muito espaço para qualquer avanço ou progresso literário, porquê, porque é um livro prefeito nas frases, nos parágrafos, nos capítulos, perfeito literariamente, literalmente, é literatura da melhor e pronto. Já Saramago é mais ideias o que é muito bom uma vez que a maior parte do povo português, quer viva dentro ou fora de portas, e por mim falo, é mais bolos, bolas literárias ou bolas desportivas, diárias, para agravar a situação.


Estou a ler o Hei-de amar uma pedra por causa do título e porque haveria que entrar por algum lado, e, tenho a certeza, que os verdadeiros críticos literários iriam dizer-me, Hei-de amar uma pedra?, olha, rapaz, “Não entres tão depressa nessa noite escura” e lê-lhe antes o “Livro de Crónicas” ou o “Segundo livro se crónicas” que é mais para a tua idade. Mas eu sou uma pessoa de ideias fixas, e continuo a ler o Hei-de amar uma pedra. Confesso que está a ser difícil. Confesso que, como o livro é grosso e está a dar para muitas viagem e algumas meias horas de cada uma das minhas meias-noites, às vezes chego a pensar que o ALA ou a gráfica se enganou no título. Este livro, desconfio, nunca se chamou Hei-de amar uma pedra, e, porque não o entendo, acho que antes do engano na impressão o verdadeiro título era “Acabei de fumar uma pedra”, um calhau dos grandes, diga-se. Este livro está a ser pesado. Depois conto-vos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sem ofensa ao autor e a quem considere o livro bom, expresso o que sinto:
Livro pesado, chato, impossível de ler. Não pertenço ao sindicato de "O Rei vai nu" para dizer como os outros que é bom e bonito sem lhe achar piada nem beleza literária. Comecei a ler este livro nestas férias. Apeteceu-me metê-lo na fogueira.

Kid A disse...

Eu também achei isso. Adorei o Cús de Judas, depois o autor bateu com a cabeça numa pedra e deu nisto.