sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Povo Português II

Depois de me aperceber dos calhau caídos de marte que em portugal vagueiam, decidi vir-me embora de tão movimentada discoteca. Houve um amigo com menos álcool no sangue que eu que me cravou uma boleia. Chego ao carro e encontro um papel no meu vido a dizer: O carro XX-XX-00 (tenho a matrícula do carro) bateu na porta do teu carro. A porta do meu carro está completamente metida dentro. Nem a consigo abrir. Amanhã, de manhã, vou à polícia apresentar queixa contra o dono do carro com a matrícula escrita num papel de discoteca.
Acabo por estar contente. O meu carro estava mesmo a precisar de levar uma geral. Eu estava a precisar de gastar algum dinheiro para pagar menos de impostos, esse mecanismo que mantém a tropilha portuguesa do estado a dormitar. Se isto por um lado me deixou contente, por outro, encontrei, numa porta metida dentro, mais uma característica do ser português. O povo português bate e foge. Empurram os outros à bala. Ainda está para nascer um português que tenha os tomates no sítio para dizer: Olha, sou muito mau a conduzir, bati no teu carro, aqui tens o número para me contactares e para resolvermos isto com o menos custo possível para ambas as partes. Este povo irresponsável repete-se tristemente como a peste em cada criança que nasce. Não é povo, é uma raça animal sem raça.
Quando visito algum país em que vejo algumas realidades que me impressionam, costumo perguntar a quem me acompanha: Temos destes animais em Portugal? Quem me acompanha já me conhece a sentença e responde: Animais temos mas não como estes.
A bestialidade do povo português aumenta um grau em cada geração que por cá passa.

(amanhã conto-vos como correu na polícia. Adoro a vida feita deste pequenos transtornos).

Povo Português I

Depois de uma longa estadia no deserto eis que me encontro em Portugal, com algum tempo para re-visitar os locais onde a música, o álcool, a dança, o cruzar de olhares, os sorrisos, e tudo o que depois disso pode acontecer, como por exemplo, uma grande amizade, se tornam no motivo de todos os encontros, chego à constatação de mais algumas características do povo português que aqui passo a descrever sem ordenação, sem princípio meio e fim, como todas as coisas deveriam ser:
As mulheres portuguesas, para além de serem medianamente feias, são estúpidas como um calhau caído de marte. Ora pode perguntar-se por que raio um calhau caído de marte é estúpido? Eu acho que a estupidez e o deixar-se influenciar ou conduzir por outros estão ligados proporcionalmente e na mesma direcção. O calhau de marte cai no planeta terra não por vontade própria mas por força da gravidade que o empurra em ondas. Não precisa de pensar ou ter cérebro. Basta-lhe ter alguma massa para deslocar o lençol do espaço tempo. As mulheres Portuguesas são exactamente como esses calhaus de marte. Caiem numa discoteca não por vontade própria mas porque alguma das amigas as incentivou a ir, como carne para canhão. Não entendem patavina de música, pescam um bocadinho muito bocado de dança, pensam que percepção, consciência, realidade, abstracção são coisas de filmes de ficção científica. Enfim, são burras que nem o calhau de marte mas isto não é tudo. Para além de burra pensam que são fisicamente boas. Julgam-se misses que os maus olheiros não tiveram a capacidade de encontrar. Em cada mulher portuguesa há injustamente uma miss por encontrar. Esta é a abstracção de uma realidade que só existe dentro delas e que torna o caso português num dos mais críticos do mundo: Mulheres feias com a mania de que são boas. Cá fora, neste humilde solo onde temos que nos debater com a bruta puta e dura realidade, não vemos mais que seres feios, porcos, gordos e maus por se não encontrarem. Esta é a realidade, universal, dos que estão de fora. E os que estão de fora vêem para dentro e para fora.

Eu não costumo interagir assim com muita gente e com mulheres então, muito menos, e com mulheres portuguesas, então, quase nada. Hoje, por volta das 3 da manhã, depois de algumas misturas que a bílis irá fazer o favor de rejeitar, decidi abordar cordialmente uma miúda gorda de cara redonda e vermelha, quase saída de um tradicionalíssimo filme porno com cenário em palheiro onde ovelhas, carneiros e vaquinhas se alimentam, e galos cantam as cantigas das galinhas que cacarejam o hino do avô cantigas, e os cavalos esperneiam coices de morte em estábulos cheios de caruncho, cordialmente, como estava a dizer, simpático, de sorriso nos lábios, humilde, eis que me dirijo à miúda para lhe perguntar se a amiga dela, também saída de um filme menos porno mas ainda assim porno quanto baste, era portuguesa (como se houvesse alguma coisa que enganar). Ainda nem tinha começada a mísera abordagem e já a campónia estava a dizer que não falava comigo. Eu perguntei-lhe se ela entendia português e ela sempre a fugir como se eu tivesse lepra ou outra peste daquelas que vêm ao mundo para o equilibrarem. Senti-me mesmo mal e decidi não insistir com a criatura pensando que com calhaus toda a energia despendida é irremediavelmente perdida. Saí daquele local com o meu ego um pouco em baixo. Só um pouco que não há calhau que me empurre muito o ego, nem para cima nem para baixo.
Tenho a oportunidade de conhecer pessoas de quase todos os cantos do mundo. Nunca vi mulheres tão feias, tão burras e tão cheias de si com as portuguesas. Isto não é, infelizmente, uma excepção. É uma regra confirmada por uma excepção que cada vez menos existe.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Gosto... Não sei porquê

Gosto. Não sei porquê. Se é da música, se é da letra, se é da voz, se é da voz naquela letra, se é da música naquela voz, se é da voz naquela voz. Mas gosto, só não sei porquê. Como toda a gente (ou quase toda) eu gosto e ao contrário de toda a gente só não sei porquê.

 
The Kills, Black Balloon 

Também gosto deste comentário feito ao video no youtube: I could easily turn lesbian for her! She's perfect!
Eu também.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ele há cada uma! (A saga continua)

Hoje, um dia depois do “Ele há cada uma” (ver texto seguinte), tive um dia mais ou menos parecido com o meu dia anterior, só que desta vez saí para a cidade, para ver burcas, mais cedo que ontem, durante a tarde, por volta das 4 ou 5. Nada de especial se passou tirando o facto de validar que aqui, neste deserto de ideias, a forma mais criativa de marcar encontros é através do bluetooth. Nunca o meu telemóvel apanhou tantos bluetooths como aqui. Já tinha ouvido falar que esta era a táctica mais conhecida de engate em Riade, depois que os quéflô foram banidos, mas hoje pude em loco constar. Alguns anos antes do pouco romântico bluetooth os meninos vestidos de branco mandavam mensagens e marcavam encontros com as meninas vestidas de preto pelo quéflô. Ora a tecnologia aqui criou um meio mais barato de alcançar o mesmo objectivo.
Enfim, depois de um hambúrguer que prometi derreter com uma hora de ginásio vim para o hotel, pus o correio electrónico em dia, vesti-me a rigor e fui para o salão fazer uma corridinha apenas, sem sauna, porque gato escaldado de água fria tem medo embora o hospedeiro do quarto 1080 já estivesse a milhas do local uma vez que no dia anterior me dissera que deixava o hotel da parte da tarde.
Regressei ao quarto e voltei à minha caixa de correio electrónica que, agora, para além alguns anúncios publicitários, nada de relevante continha. Tomei um sumo de limão para repor as energias e fui para a casa de banho, começando aí o meu Biliões e Biliões do Carl Sagan. Os Livros são como as mulheres e as mulheres são como as cidades e as cidades são como as substâncias químicas, há umas que são laxantes, há outras que como a cafeína são estimulantes, há as que como a valeriana são relaxantes ou calmantes, depois há as chamadas placebo que parecendo tudo não são nada. Os livros também são assim. Em geral os que começo na casa de banho não me têm desiludido. Entro no banho.  
Ora ainda nem uns 30 segundos de água tinha eu desperdiçado e eis que o telefone toca. Saio a pingar do chuveiro e atendo um pouco irritado por me terem feito sair do banho. - Yes. - Is it from room 1097? - Yes, it is. - Hello, I am Viswas from room 1081. 1081, isto deve ser uma brincadeira, o outro palerma estava, segundo o mesmo, no 1080. - Wiswas, what viwas?! Digo já quase a explodir. - We met yesterday in the sauna. Ah, ok, digo, apenas perplexo, quando o gajo me tem a ousadia de perguntar Are you free now. O meu cérebro sem que eu o conseguisse controlar, começou a tentar fazer a tradução de “vai para a puta que te pariu” directamente de um português do norte para um inglês americanado para o som sair mais suave, mas não conseguiu. Haverá alguma tradução para portuguesíssimo vai prá puta que te pariu? Eu penso que não. São estes produtos portuguesíssimos, sem tradução possível, que devem ser exportados, em favor da nossa pobre economia. O americaníssimo Shut the fuck up também tem poder como o vai prá puta que te pariu mas perde por ser menos provinciano. Enfim, tentando ver onde a ousadia do jovem ia chegar disse-lhe, ok, but I don’t need anything from you, elevando a voz um pouco no final. - Ah, ok, ok, I am leaving today at 11, it is just to tell you I hope to see you next time. - Ok, have a nice trip back and see you, e bati com o telefone, com a mesma intenção de quem vai ao focinho a alguém.
O que mais me irritou no meio desta história toda, para além desta minha incapacidade de dizer logo NÃO no primeiríssimo momento, foi o facto de pensar o que terá a minha cara ou a minha boa disposição ou a minha personalidade ou o meu sorriso ou o meu movimento ou a minha forma de estar que possa dar indicações a uma pessoa de que estarei disposto para receber assim massagens a torto e a direito. Eu, que pensei que dava ares de antipático.   
Ele há cada uma!

Ele há cada uma!


Depois do ginásio fui para sauna para perder ainda mais água que aqui se bebe aos litros. Na sauna estava lá um jovem bem-parecido com traços de indiano, comissário de bordo, vim mais tarde a saber. Depois de me dizer que a sauna estava demasiado quente sai-se com esta: Queres que te faça uma massagem?
Eu pensei que não tinha ouvido bem. Uma massagem? gaguejei. Sim, se quiseres eu faço-te uma massagem. Tentei pensar positivamente e lembrei-me de lhe perguntar se ele tinha alguma formação especial em massagens e tal, pensando que talvez fosse massagista, sendo que assim justificava aquela abordagem. Foi aí que ele me disse que era comissário de bordo da Air Índia e que começou a cena das massagens porque andar de avião gera muito stress e ele quis aprender a fazer para se auto-massajar, se bem que na minha terra isto de auto-qualquer-coisa é sempre sinónimo de masturbação, se não é física é intelectual ou espiritual, e continuou dizendo que depois descobriu, grande iluminado! que a coisa não funcionava porque os pontos principais da massagem são a zona lombar, o fundo das costas e o pés, e que agora aproveitava o conhecimento para fazer aos amigos, “for free” (grátis), teve o cuidado de informar logo desde o início, não fosse o negócio não ficar bem esclarecido. Ora, entretanto, com tanta conversa, eu já estava a pensar que me tinha safado de assunto tão delicado, mas, a cena voltou ao mesmo, se quiseres eu faço-te uma massagem, ao que, assim de repente, lhe respondi, para não ser mal-educado, que estava bem, que fizera uma massagem a semana passada e que estava a sentir-me muito bem, sem stresses. Esta minha coisa (merda) de não saber dizer que não às pessoas só me lixa a vida e me empata, para além de empatar os outros, como iremos ver, pois, o jovem hospedeiro não se contentando com a minha não resposta lá me disse, estou no quarto 1080 (vou tentar evitar esse quarto ao máximo nas minhas próximas estadias) e se quiseres posso fazer-te lá uma massagem. Já me estava a irritar a palavra massagem! Mas ele não dava espaço e perguntou-me o número do meu quarto. Estou lixado com F dos grandes, no sentido literal da palavra, pensei, mas mais uma vez não lhe consegui dizer que não tinha nada que saber o número do meu quarto, e disse-lhe, olha, estou perto do teu, estou no 1079. Ele, eufórico exclamou que é mesmo ao lado.
Entretanto o hospedeiro, vendo que a insistência estava a ser despropositada prosseguiu com outra táctica mais indirecta mas mais cativante para os cliente, Andas no ginásio, disse, tens o corpo bem feito sem ser demasiadamente musculado. Eu ali com a barriga ao léu e com aqueles calções de licra ridículos que me faziam sobressair a zona genital pensei para com os meus botões, olha-me este cabrão a dizer bem do meu corpo quando estou com uma barriga destas, e lá continuámos a falar de músculos acima e abaixo até que decidi vir-me embora por não aguentar conversa tão gay num sítio que ali está completamente reservado a homens.
Quando cheguei ao meu quarto já a pensar na forma como ia desligar o meu telefone para o gajo não me chatear e tenho a feliz e visual notícia: O número do meu quarto era o 1097 e não o número que lhe tinha dito, o 1079. Engano-me muitas vezes nestas coisas de números, sou ainda pior do que o nosso maravilhoso governo. E pronto, lá fiquei mais descansado, tomei o meu banhinho, pus o meu perfume e decidi ir ver burcas para o centro comercial e, já agora, jantar. Voltei tarde ao quarto, eram já umas 23:30. Passado nem 10 minutos e o telefone começa a tocar. Como tinha acabado de pedir para me substituírem o frigorífico que não funcionava pensei o quanto injusto por vezes era com o staff do hotel. Estou? Olha, eu sou aquele que conheceste na sauna. Queres que passe aí para te fazer uma massagem? Ah grande put* de massagem que agora já estava a ser demais! e pensei, como foi que o cabrão arranjou o número do meu quarto mas depois apenas lhe disse, olha, há bocado enganei-me no número afinal é o 1097 e não o 1079. E ele lá insistiu na massagem e eu lá entrei com novas desculpas dizendo que estava à espera de uma chamada e que essa chamada ia durar muito tempo e que não podia estar ali com o telefone ocupado. Perguntou-me se queria que ma fizesse de manhã uma vez que de tarde estava programado ir-se embora. Eu disse-lhe que não que dependendo da chamada que ia receber provavelmente amanhã de manhã iria ter que sair.
Agora estou no quarto com a put* da porta com o loquete por dentro e a meditar o sermão que lhe vou passar se o homem se lembrar de me acordar de manhã, uma vez que conto estar a ver o lost (série 2) até a altas horas da noite.
Desliguei, entretanto, os cabos dos telefones para não ser importunado.
Um gajo acontece-lhe cada uma!

domingo, 31 de outubro de 2010

Last day of magic

The Kills

I'll be the man with the broom
If you'll be the dust of the room
And there's only so much you can hide
Before I corner you

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Não está a correr bem...

Hoje o dia não me está a correr bem, para além de partir o vidro do meu recuperador de calor apanhei uma multa de 60 Euros por estacionar num lugar reservado a deficientes.
A senhora agente disse-me que ser deficiente de bom não contava. Vai daí... 60 Euros!
Juro que me doeu.

Consequence

Consequence, The Notwist

You're the colour,
you're the movement and the spin.
Never
Could it stay with me the whole day long
Fail with consequence, lose with eloquence
and smile.
I'm not in this movie
I'm not in this song.
Never
Leave me paralyzed, love.
Leave me hypnotized, love.

You're the colour,
you're the movement and the spin.
Never
Could it stay with me the whole day long
Fail with consequence, lose with eloquence
and smile.
You're not in this movie
You're not in this song.
Never

Leave me paralyzed, love.
Leave me hypnotized, love.
Leave me paralyzed, love.
Leave me hypnotized, love.

sábado, 23 de outubro de 2010

GNR

Acabo de sair de uma operação stop mesmo à entradas das Taipas. 
Senhor condutor, bebeu?
Bebi sim, venho da discoteca.
E bebeu muito. 
Bebi alguma coisa. Não sei se foi muito.
Então não se importa de vir ali soprar no balão?
Que remédio, pensei.
Lembrei-me dos 4 Bacardi com cola e esqueci-me do vinho branco do Alentejo do jantar.
Já soprou alguma vez?
Não, que me lembre é a primeira.
Está nervoso?
Na primeira é natural ficar-se nervoso, não é? Pelo menos para mim é, em todas as primeiras.
Tem que ser um sopro constante, ora vá lá outra vez.
Lembrei-me dos conselhos de alguns entendidos que me diziam para soprar apenas o ar da boca. Assim o fiz.
Está mesmo nervoso. Tem que ser um sopro constante, mais forte, até eu o mandar parar.
Fiquei sem paciência e pensei para comigo: que se lixe, vou soprar normal e sofrer as consequências. Já era a terceira vez que o agente da GNR me mandava repetir e eu não admitiria uma quarta. Para mim a quarta seria como um chumbo redonto.
Soprei bem e forte. 
O agente olhou para o aparelho e dirigiu-se para o carro. Queres registar? perguntou outro agente. Quero sim, respondeu o meu agente.
Estou tramado, pensei. Vou ter que deixar aqui o carro e regressar a pé. A fala na interacção com os agentes custava-me a sair direita.
Está mesmo no limite, senhor condutor, e está a subir, aconselho-o a ir para casa imediatamente. Após um suspiro mais forte do que os anteriores três sopros acumulados, pensei, vá lá aconselhar a sua mãezinha.
Entrei no carro e as minhas mãos ainda tremiam. Dei à chave e saí dali, como saio de qualquer sítio, com algum esforço para não olhar para trás.
Em casa, feliz, como umas bolachas com marmelada e prepara um grozan (como se escreve grozan?). Chego ao quarto e, antes de ver mais um episódio do Lost, apresso-me a tirar este apontamento.
Estou feliz e mais informado. A partir de hoje posso afirmar que conheço os meus limites: 4 Bacardis com cola e 2 copos de vinho do Alentejo. Tudo isto porque sou alto.

Pião

Após 20 anos e duas negras em cada uma das canelas lá consegui por novamente o pião a rolar... 
E foi um momento lindo. E era verde mas depois veio uma vaca e comeu-o.
Sta. Eufémia, Guimarães, 2010

Latte Macchiato


No segmento das meias-de-leite, a meia-de-leite portuguesa, referida a partir daqui simplesmente como MdL portuguesa por uma questão de rapidez e de estética, ainda ocupa o primeiro lugar deste meu ranking das misturas de leite com café. Já aqui contei o que penso do capuchino, que não é mais do que meia (meia mesmo) MdL portuguesa com muita espuma, isto é, metade é MdL e a outra metade é espuma, e da forma como isso pode atormentar os gases, chegando mesmo a ir mais longe, dissertando sobre aqueles efeitos maricas que lhe dão os desenhinhos em canela sobre a espuma, e, estando agora em condições de prosseguir na análise, metendo ao barulho o Caffe Latte alemão ou a falácia Café au Lait franciu, continuo a manter a minha posição: não há nada que chegue sequer ao calcanhar da pouco publicitada MdL portuguesa. Ora, se assim bem estou no que a este segmento se refere, há um outro segmento nestas misturas onde os movimentos no topo da lista não me têm deixado dormir tranquilo a noite. Falo obviamente do segmento Galão! Se no princípio era o galão português que sem um milímetro de dúvida encabeçava tão obtusa lista, agora começa a entrar a dúvida do Latte Macchiato alemão e isso é do piorio para a economia deste país à beira mar plantado – plantado mesmo! Os franceses e os italianos não concorrem neste segmento, pelo menos no meu ranking, porque acho que é um pecado mortal andarmos a comparar água mal filtrada com aquilo a que se pode chamar de galão.
Então vejamos a minha ansiedade quando observo impávido mas nada nada sereno o latte macchiato a passar a perna ao galão, assim: Com um galão fico com aquele sentimento de que precisava de um bocado mais, tipo mais um ou dois dedos de galão, há um inegável desconforto, do género é completamente excelente no sabor mas falta-lhe quantidade, falta-lhe 2 dedos de volume. Há um “mas”, entedem? Com o latte macchiato alemão essa coisa da quantidade está resolvida com rigor absoluto, nem de mais nem de menos. Pronto… é por demais evidente que como o capuchino do segmento das MdL falha na espuma e na virilidade dos desenhinhos, o latte macchiado é também um exagero de espuma no segmento dos galões. Temos, é certo, aqui um “mas” mas esse “mas” que é o erro de concepção alemão é menos “mas” que o erro da quantidade português. A espuma, como tantas outras coisas na vida, pode apartar-se para os lados; o défice de quantidade ou de tamanho por vezes é difícil de se emendar, por extensão, por implantação ou por qualquer outra abordagem criativa terminada em ão. Por tudo isto, estou a pensar seriamente em passar o Latte Macchiato para a frente do galão nesta minha lista das misturas do leite com café
Não falei de países que não entram no ranking, por exemplo, dos espanhóis, porque nas MdL e nos galões primeiro é preciso saber-se tirar um expresso e depois saber mugir-se cuidadosamente a vaca. Os espanhóis só sabem mugir a vaca, como os franceses, nos intervalos das greves. Os alemães estão a aprender a tirar o expresso, mas como em tudo vão longe com a coisa.

Cafetiero em Frankfurt Zeil. 

Contenção orçamental e verbal

Contenção orçamental é o presidente da Câmara Municipal de Braga, Mesquita Machado, mais 3 outras pessoas da sua trupe, viajarem em executiva, do Porto para Frankfurt num dos aviões da Lufthansa. Contenção verbal é o mesmo grupo fazer tanto barulho na classe executiva que mesmo as pessoas na zona mais remota de avião eram capazes de os entender. Entender que é como quem diz... esta gente que se organiza em matilha não se entende. O seu comportamento, em maré de vacas magras, também não!
Ainda tenho um certo orgulho em algumas empresas e pessoas portuguesas. Sinto orgulho sempre que vejo um dos administradores da Sonae a viajar em económica. Mas isso compreende-se, não é uma empresa pública e para estar no mercado tem que dar lucro, e o lucro é a diferença entre o proveito e a despesa, deduzido de imposto. Tão simples esta matemática económica que até o menino da quarta classe a sabe fazer. Ele sabe, os políticos deste país miserável é que não, ou, refazendo, os políticos miseráveis deste país é que não.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ninguém diga que está bem

Na tentativa de poupar algum dinheiro optei, desta vez, por um hotel de 4 estrelas. 4 estrelas no Barém, com pequeno almoço incluído, são 100 euros, sem tirar nem pôr. Sem tirar nem pôr mesmo! O problema é que para além do quarto parecer arrumado e limpo tudo o resto tem aspecto de pensão estrelinha em Portugal. Se o arrependimento matasse estaria morto de morto neste momento.
Bem, não satisfeito com todos os movimentos duvidosos nos elevadores, como se houvesse dúvidas - o entrar de prostitutas era ali tão límpido como a água dos Pisões, ou vá lá, da Penha, decidi subir ao 7 andar onde nos cartazes aparecia, para além de um bar, como as mentes, iluminado, umas mulheres esbeltas da Rússia (tão limpinho como a água, também... Ver imagens). Ao entrar no bar deparo-me com um cenário que ainda hoje não consigo entender: uma música horrível e meia dúzia de gajas balofas num palco balofo por efeitos de encosto, de cabelos pretos, compridos, e uma sala repleta de gajos com aspecto de gosme, gordos "comá" m#rda, vestidos de branco, com a tradicional tolha com padrões italianos pela cabeça, a fazerem não sei bem o quê, bêbados, como a putassa. No dia em que o vinho for permitido estes bofes entrarão na 3ª guerra mundial.
Os balofos ofereciam colares de flores às balofas. As balofas do palco falavam palavras que eu não conseguia entender para os balofos das mesas. A música continuava alta e sem sentido. Mais um erro dos meus, este de casting!
Desço ao terceiro andar e entro no meu quarto, sempre com o mesmo receio de que o meu computador tenha sido gamado. Não foi gamado, de outra forma não estaria aqui a escrever a estas horas da madrugada observando o movimento duvidoso dos elevadores. Verifico se o cartão de crédito de reserva está no sítio, dentro de uma caixa de aspirinas. Está. Vi esta cena num filme de Hollywood. Para nunca ficar descalço nunca ando com todos os cartões na mesma carteira.
No bar, continuam a oferecer colares de flores às gordas do palco. Deveriam ser proibidos todos os espectáculos deste nível. É que não há objectivo predefinido. Pelo menos eu não o identifiquei.
Volto ao meu quarto. Preciso de dormir e esquecer as figurinhas como quem precisa de respirar. Claro, estou assim, digamos, fodidinho da silva, porque me cobraram 10 dinares de entrada (20 euros). Valeu por uma coisa: Tenho a certeza de que detesto cada vez mais o perfume da dolce e gabanna. Estes gajos devem bebê-lo a todas as refeições.
Boa noite.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mas...

Mas, essa coisa do amor, esse nó na garganta, essa falta de ar, esse chorar, só do pensar que somos as pessoas mais infelizes do mundo, da fatalidade, esse andar de coração a querer explodir nas mãos para todos os lados, depois... depois torna-se num vício. E passamos a vida a morrer de amores. Passamos a querer estar apaixonados todos os dias para podermos sentir a falta de ar os dias todos. A falta de ar passa a fazer falta. Um dia sem uma fatalidade de amor torna-se num dia incrivelmente estranho e estranhamente perdido. E, então, quando tudo está calmo, incluindo o ar ou amor, ficamos ansiosos porque tudo, incluindo o ar ou o amor, está calmo. E é uma loucura. Pensamos que morremos aos poucos mas estamos a viver tudo e em tão pouco tempo. E queremos mais. E mais e mais e mais, embora acabemos sempre a dizer que desta vez será mesmo a última. Por isso é que a vivemos no limite. Vivemo-la como se fosse realmente a última. Essa coisa do amor é uma droga!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Viajar

Viajo cada vez menos a cada dia que passa. Dos 120 voos anuais (não sendo eu comissário de bordo), este ano, a média da coisa deve ficar pela sua metade. Muito pouco para quem já só inspira nos aeroportos a observar vultos e movimentos, como quem cataloga pássaros; Muito pouco para quem a criação já só está nesses movimentos incógnitos de entradas e saídas, de esperas e arranques; Quase nada para quem a criatividade está nos sorrisos e franzires de testas oblíquas, nos piscares e nos esbugalhares de olhares efémeros, nos regressos e nas partidas, nos encontros e desencontros, nas empatias e antipatias arbitrárias - ou talvez não, no bom e no mau, no bem e no mal, na vida, na minha vida.

Mete dó!


Mete dó ver o primeiro-ministro falar em inglês. Ninguém pode começar apresentação alguma dizendo que vai usar uma linguagem universal para se expressar: “O mau inglês”. Tivesse ele pedido desculpa por ser mau em línguas, como é mau em matemática (falta avaliar a arte), e não precisaria de usar o comum recurso que qualquer orador usa quando perde todos os argumentos: "You know what I meant".
Não sr. primeiro ministro, ninguém sabe o que quis realmente dizer! Desculpe-nos sermos ignorantes a esse ponto.

O inútil

O povo francês, nos dias que correm, é capaz (apenas) de duas coisas: furar filas e fazer greves. É já a terceira vez que por causa das acções (inacções) deste povo nitidamente em decadência, chego atrasado ao Porto, e não são atrasos de algumas horas. Parece que ainda não entenderam que o tempo do seu nariz empinado acabou!
Todos estes problemas com os voos para Portugal e Espanha de origens na Europa central devem-se ao facto de termos que passar sobre Paris, essa cidade laxante – Sempre que oiço o comandante dizer que à nossa esquerda está Paris, não sei porquê, dá-me sempre uma imensa vontade de ir à casa de banho.

terça-feira, 21 de setembro de 2010


Dizer que o mundo se explica pela matemática, pela observação ou pela religião, sem a experimentação, é o mesmo que dizer que quem conhece a lei do atrito ou a dinâmica dos fluídos está habilitado a explicar a copulação.
Nada se explica sem experimentação.

sábado, 28 de agosto de 2010

Implosão ou explosão?


Se prefiro implodir ou explodir? Sinceramente, e apesar de só se existir nesses dois eventos, por ora, prefiro a não existência que os intermedeia. Porquê? Porque me sinto bem. Se um dia me encher desta não existência ou se alguém se encher da minha não existência e me fizer deslocar para uma das pontas dessa cadeia onde só se existe no princípio e no fim, então, preferirei de longe a implosão à explosão. A implosão é singular; a explosão é plural. Escolherei a implosão com a mesma certeza de quem escolhe o silêncio porque conhece a sua beleza e porque, talvez, tenha já vivido demasiado tempo no desperdício do barulho. Depois, adoro as coisas compactas, que nelas, ainda que por breves momentos nesta minha não existência, o pensamento breve de que estou ainda a tempo de existir, se realiza e, depois, se materializa naquele friozinho intestinal que os entendidos chamam de adrenalina e eu às vezes chamo de cagaço.
A explosão afasta os corpos e, como nos frigoríficos, o calor da lugar a um frio que pode ser horrivelmente eterno. O calor da implosão transforma, ao contrário do frio da explosão que apenas congela. A singularidade não ocupa espaço; o big bang desperdiça-o singular e estupidamente. Na singularidade da implosão o tempo é paradoxal e, então, é-se e, então, está-se. Na explosão o tempo existe como uma barreira que nem nos deixa ser tanto quanto queremos nem estar tanto quando podemos.
A explosão é um orgasmo. A implosão um anti-orgasmo.
(Adenda)

E não, na singularidade da implosão não há escombros mas sim a absoluta arrumação, onde todos os objectos cabem dentro de si e por sua vez dentro do nada. É paradoxal não só em termos de tempo, como de espaço, que são o mesmo.
A implosão é tipo um buraco negro, que é negro só para quem está do lado de fora do seu horizonte de eventos. Os que estão lá dentro, usufruem de uma luz suprema. A partilha é um dos elementos base e não, não é imóvel e muito menos intocável esse espaço que se quer exíguo. A dinâmica dos objectos dentro de objectos dentro de objectos dentro de objectos arrumados no nada só pode ser infinita.
Depois da explosão há morte e muito raramente se criam condições para a vida. Depois de uma implosão há silêncio… material necessário à vida inteligente.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Just put me inside you

 
Vast - Flames

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Jornal Público

Em Portugal existe um jornal em condições. É o Público.
Sempre que não tenho acesso à sua edição em papel tento ler os títulos online. Há no entanto um problema. Na Arábia Saudita, em alguns lugares, não consigo aceder a este grande Jornal. Não encontro quaisquer problemas nos acessos a outras fontes de informação como a TSF ou o DN.
Agora, que olho para o nome do jornal público com olhos dever, acho que encontrei a razão para alguma da censura que por aqui talvez se encontre. Acho, repito, acho (porque não é empírico mas simplesmente racional), que, aqui, sempre que digito o endereço do Jornal Público alguém na equipe de triagem deve estar a ler "Jornal Púbico". E, claro, o púbico aqui não passa... Ai se passasse!

domingo, 8 de agosto de 2010

Nada não!

Nada Surf - 80 Windows

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Literatura de Direito

Na notícia do DN (em: http://www.ionline.pt/conteudo/72397-freeport-pinto-monteiro-conhecia-despacho-acusacao) pode ler-se excertos do despacho feito pela directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) sobre o caso Freeport. Algures lá para o meio ela diz assim, "Concedendo-se o interesse na inquirição de Sua Excelência, o senhor primeiro-ministro, e do senhor ministro de Estado e da Presidência [Pedro Silva Pereira], à data dos factos ministro do Ambiente e secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, respectivamente, certo é que das suas respostas eventualmente obtidas não resultariam alterações de fundo aos juízos indiciários, próprios desta fase, que subjazem ao despacho de arquivamento e de acusação ora deduzidos", e depois continua, "Confirmando a minha informação telefónica, de ontem, a Sua Excelência, o procurador-geral da República, sobre o teor do despacho final proferido pelo Ministério Público nestes autos, remete-se-lhe cópia do mesmo, em confidencial e com nota de urgente".
Frases como estas, com vírgulas rebuscadas mesclando sem mácula sujeitos com predicados, pretéritos com perfeitos, perfeitas! prefeitas? não são empresa que qualquer poetazito da nossa praça consiga executar. Isto é trabalho de verdadeiros crânios da literatura nacional.
Luís de Camões, Eça de Queirós ou mesmo Fernando Pessoa fariam vénias 30 vezes por dia a tão perfeitas perfeitas literaturas. A perfeição da escrita perfeita dos advogados e juízes da nossa praça está na escrita em si, nas frases, nas vírgulas e nos pontos, e não no surrealismo potente e criativo por eles descrito, que esse, como todos nós zéstugas sabemos, está em nível muito mais elevado quando comparado com os mais sublimes trabalhos dos melhores surrealistas franceses.
Lendo-se atentamente um trabalho como o anterior só se pode ficar irremediavelmente sem fôlego. Aquilo é preciso jogo de cintura para se conseguir fintar tantas vírgulas e excelências saindo-se ileso de tão espontânea dança.
Aqui, o comum zétuga pergunta, não poderiam vossas excelências da literatura portuguesa dizerem literalmente porque encerram os casos sem ouvirem os indiciados? Assim, preto no branco, sem rodeios: Encerrado, e pronto!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

The Notwist - Off the Rail

Queria aqui mostrar os The Notwist. Entretanto fiquei indeciso se deveria mostrar aqui este vídeo http://www.youtube.com/watch?v=u3tDKsTqfFI&feature=related

ou este...



Para não me distrair da música optei pelo segundo. Quando estou sozinho e concentrado oiço o primeiro http://www.youtube.com/watch?v=u3tDKsTqfFI&feature=related

sábado, 17 de julho de 2010

Petra, Jordânia

Primeiro pensei para com os meus botões que, ali, em Petra, Jordânia, só os tinha na calças de ganga Salsa, talvez se vivesse no meio deserto como eles, sem o mar frio de azul de Portugal ou a verdejante montanha do Gerês, ali, naquele lugar onde as plantas se matam para sobreviverem, ali, se ali vivesse, talvez como eles me virasse a escavar as pedras arenosas com um pau, com um simples osso de um ser outrora complexo, com unhas e dentes, por puro entretimento, para que os dias passassem mais rápido, para que o sol se escondesse e se recusasse a levantar com medo de ver as vergonhas que durante os meus dias tinha inscrito nas paredes para sempre. Como estava a dizer, se ali em Petra vivesse, também esgravataria as paredes com a raiva de quem não tem o prazer de ver o florir espontâneo do lilás, do vermelho, do rosa, do azul, do verde, do laranja, pensei, para com os meus botões. Depois, uns dois quilómetros mais à frente, quando cheguei a Al-Khazneh, o tesouro de Petra, vi que ali se fez muito mais do que passar tempo, muito mais do que entretimento, ali fez-se arte, escultura, literatura, arquitectura e poesia, em pedra, mole, é certo, mas pedra, para todo o sempre.
Juntei-me a um grupo daqueles com Guia para não entrar em branco em tão rico espaço. Ainda mal tinha dado dois passos e ouvi as palavras “que cheiro!”. Alto! pensei, há aqui portugueses na molhada. Porquê? Porque “que cheiro”, com aquela entoação de Lisboa, só existe em português, e nem os espanhóis o conseguem imitar. Cheirei-me e ainda não cheirava a cavalo. É portuguesa, perguntei. Sou sim, respondeu. É brasileiro? Uma pessoa não se pode dar ao luxo de ser alto e ter sotaque de Guimarães, e deixa logo de ser português. Não, respondo, sou português de Guimarães. A Ana Paula, que, como boa portuguesa, fazia tudo para trocar as voltas ao guia, lá se apresentou e lá me foi explicando, ela por ela, tintim por tintim, a circunstância de ali nos encontrarmos. Cheguei a acompanhar o grupo por uma boa hora, até que, por entre informações históricas decoradas, o guia me desiludiu sem retorno, com “aqui, no parque, temos 194 cavalos, 383 burros e 231 camelos ao serviço dos visitantes. Saí imediatamente dali. Como poderia ele saber que entretanto não teria dado um chilique a uma das águas debaixo daquele sol ardente!? Saí rápido porque estava com receio que ele arriscasse o ridículo de dizer quantas unhas se partiram a escavar, por exemplo, a Tumba do Palácio. Segui sozinho e não me arrependi, mas fiquei consciente de que há viagem que não se devem fazer sozinho, por meras questões logísticas. Petra é uma delas. Quantas vezes perdi um bom momento por não ter a quem pedir para me tirar uma foto ou, porque ali não se encontrava uma pedra para poisar a câmara em posição de disparo automático?
No meio da viagem, ali algures onde os monumentos gregos começam (Qasr al-Bint), por volta das duas e um quarto da tarde, hora da reza na Jordânia, comecei a ouvir entoações vindas das montanhas de pedra. Não gosto das rezas árabes, rais me partam! São uma espécie de choro de quem acabou de descobrir que a razão da existência não tem razão nenhuma, e muito menos devoção, apenas ocasião e acaso. Segui em frente e fui vendo tumbas de que já nem me lembro do nome, passei pelo Teatro (soberbo) e pela rua das colunas (alinhadas e com uma imponência relativa), e comecei a subida que haveria de me tomar mais uma hora para chegar ao lugar do Sacrifício. A viagem de regresso fez-se com a pressa de quem tem calos nos pés e de quem precisa urgentemente de repor as águas transpiradas no nível certo. Eram 5 da tarde e, mais morto que vivo, estava a caminho do Mar Morto, para o que desse e viesse. Para trás ficaram 5 horas de memórias e deslumbre pelo que o ser humano, quando quer, consegue criar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Riyadh - WYSIWYG

What You See Is What You Get, como todos sabemos, é uma verdade apenas possível nos editores e processadores de texto, tipo MsWord ou outros. No mundo real, WYSIEWYWG, What You See Is Exactly What You Won’t Get. Quantas vezes me sinto enganado pelo vulto com bons cabelos e de rabo jeitoso que me faz atropelar as pessoas que passeiam carteiras vazias no centro comercial para, em tempo, lhe ver qual o seu aspecto de frente? Quantas vezes não somos enganados pelas calças Levis justinhas, misteres em encobrir celulites visíveis a olho nu da mesma posição onde se encontra o telescópio hubble?
Pois é, este acrónimo em inglês tentando dizer que hoje a tecnologia permite que tudo o que vemos no ecrã seja tudo o que vamos ver impresso na impressora, associado ao facto de me encontrar desterrado (expatriado é mais bonito) em Riyadh, fez-me pensar que no mundo real tudo o que vemos não será por certo tudo aquilo de que iremos desfrutar. A experiência é a base de todo o método científico, por isso aqui o afirmo: WYSIEWYWG.
Em Riyadh, Arábia Saudita, este WYSIEWYWG é muito mais provável que em Portugal ou noutro país mais ocidental, como iremos ver. Se em Portugal as pessoas mais atentas estão preparadas para dar o devido desconto à mentira Levis ou para parar o movimento criativo que caracteriza quase todos os cérebros masculinos e mesmo para as levar à praia e efectivar o teste da areia dias antes dos finalmentes, em Riyadh isso não acontece. Aqui veste-se de preto da cabeça aos pés, quase nem os olhinhos dá para ver. Não há vultos às cores. Esqueçam o laranja ou o vermelho, o azul ou o verde alface. É preto e pronto, nelas, ainda que a temperatura se eleve aos 55 graus célsius, neles, é branco mais branco não há.
Ora como consegue um homem orientar-se nestes ambientes, e desculpem-me usar de uma expressão de todo despropositada, sem que coma gato por lebre?
Tenho colegas que olham para as mãos como o elemento mais significativo na tomada de decisão, outros são os olhos, há outros ainda que são os peitos ou o rabo, há ainda quem dê preferência aos cabelos. Aqui não há nada disso. Há burcas todas elas pretas onde não se vislumbra nada que ajude a imaginação a criar. Esqueçam a cena do fio dental a saltar fora da mentirita Levis, esqueçam o vestido branco quase transparente de onde se vê de que forma o triângulo assenta no paralelepípedo, esqueçam a probabilidade de o cai-cai cair mesmo. Nada. Só se vê preto. Até as mãos são revestidas de preto, fino. Nos centros comerciais passeio-me sempre com aquela sensação quase feliz de que estão a acontecer funerais de gente importante todos os dias.
Enfim, enquanto por aqui me veraneio vou formalizando alguns esquemas para perceber do meio de tanta cor preta onde estão as gajas boas, para, enfim, distinguir o trigo do joio. Os sapatos rasos ou de salto são o item mais importante e, logo a seguir, vêm os sacos que transportam a tiracolo. Não há mais nada para avaliar o que ajuda à decisão. São apenas 2 itens que nos ajudam de alguma forma a distinguir as boas das más, as maneirinhas das desproporcionadas, as bonitinhas das feiinhas, as apetitosas das outras que nos passam ao lado. Embora confie plenamente na aferição Sapato/Saco mesmo assim aqui não arrisco nem um milímetro! Ninguém me leva sem um verdadeiro e formal teste da areia (Até porque não quero ficar sem as mãozinhas).
Para finalizar, pode também generalizar-se a seguinte verdade: O Brasil é muito mais WYSIWYG do que Portugal não só porque há lá mais areia mas porque ali nada se esconde, embora existam por todo o mundo os mesmos meios para tudo se fingir.

domingo, 20 de junho de 2010

Bharein com um cheirinho de cuba

O americano não parava de dizer bullshits e não havia meio de ir à casa de banho despejar a bexiga. Ela, que não era nada de especial, era especialmente maneirinha. Usava um perfume Chanel, talvez o Number One ou o Coco Mademoiselle, que lhe assentava muito bem na sua cor de pele de cor nenhuma. Eu estava a fim de lhe demonstrar o quanto percebia de perfumes com um toque de quem está ali apenas para fazer sala. Enquanto ouvia aquela conversa de totós, de olho na cubana do xilofone da banda que ao vivo actuava, deixei várias vezes apagar o cigarro Partarca, também ele importado da mesma terra de onde havia chegado tão vivo som. Chego à conclusão que gasto muito mais dinheiro em fósforos que em cigarros.
Eu respeito os americanos pela sua autoconfiança umbilical… A autoconfiança que nos falta a nós portugueses. Apagou-se-me o Partarca habana cuba uma vez mais. Falta de jeito.
Em meia hora consegui misturar uma calsberg com um mojito 5 fósforos e 2 cigarros e, já não estando em fase de ver onde paravam as modas, eis que o americano, nada amaricado, se decide a verter águas. Ora, meia hora foi tempo suficiente para apanhar o olhar da bonita morena da banda do xilofone. Não quis mais saber do perfume que a meu lado actuava volátil. Concentrei-me naquele universo moreno, activo, ingénuo, seguro de inseguro, puro como os partarcas, vivo, mantendo o rico compasso. Há mulheres que em poucos segundos se nos vislumbram como a representação mais fiel das propriedades do universo. Há nelas um ínfimo de todas as possibilidades, são o big freezing ou o big crunch porque é só nesses momentos a existência se manifesta(rá), são todas as teorias aplicadas na prática, a das cordas, a dos universos paralelos, a dos universos interceptados (esta teoria é minha e será explicada, um dia, mais à frente, ou atrás). A cubana do xilofone com mais qualquer coisa encerrava em si todas as coisas que se me concebiam naquele momento. Eu, que me apaixono basicamente todos os dias, dei por mim novamente apaixonado. Depois, claro, com a falta de autoconfiança que caracteriza alguns dos portugueses, não lhe deixei um bilhete onde dizia: If one day you want to make a revolution in your life just write me to this mail address. Não lhe deixei o tal bilhete porque pensei que usar da estratégia de revolução já não deve pegar para aqueles lados cubanos, e, quando assim é, com todas estas incertezas a atravessarem-se no meu caminho, nunca arrisco. Arisco, fui-me deitar num quarto alugado do mesmo hotel, sozinho, tentando-me impingir estas análises de custo-benefício como quem mente a uma criança com o conto do Pai Natal na chaminé.
http://www.youtube.com/watch?v=ECut4WYurXs 

quinta-feira, 10 de junho de 2010

f©tos


© Ultrapassar a velocidade do som, é?
Eu dizer “Abre a porta por favor”, acabando por ser eu a abrir a porta.

© Não aprecio árabes de espécie alguma. Há, no entanto, uma categoria que ultrapassa a classe do não apreciar para um nível que se encaixa no não gostar mesmo. É aquele espécime que usa rabo-de-cavalo no cimo traseiro da cabeça – haverá assim algum rabo-de-camelo?! – Calças brancas, um sapato de biqueira 5 tamanhos acima, uma camisa preta com riscas brancas para não destoar o ar de azeiteiro, aberta até ao ponto onde o estômago começa a crescer, 2 ou 3 anéis em polegares que servem apenas para assinar de impressão digital, um cinto que, sinto muito, mais parece um loquete de castidade e, depois, para rematar, aquelas contas de rezas mal cantadas a servirem de colar. Ah!... Não esquecer a pulseira de prata no direito e um relógio com um design da feira de Carcavelos no esquerdo, o pulso das solitárias diabruras. Há uns que rematam a obra com um brinco que mais parece o candeeiro da missa das 10 oferecido pela confraria do menino. Rais os partam! Não são ciganos. Não são coisa alguma. Lazy, stupid and rich, while the black hole keeps ejaculating.

© Quando se sai da Arábia Saudita para qualquer lugar encontramos sempre as mulheres mais bonitas do mundo. Acontece por exemplo quando entro em Portugal não tendo tempo de parar para almoçar em Frankfurt. As mulheres do Líbano, em Beirute mais especificamente, são mesmo bonitas, só me falta averiguar se são bonitas congénitas ou se esta minha percepção de beleza está também condicionada pelo movimento de saída da Arábia Saudita.